Resumo
A atividade profissional de bombeiros é reconhecida pela exposição constante a riscos ocupacionais, intenso estresse físico e emocional. Entretanto inexistem estudos nacionais que avaliem objetivamente o nível de atividade física e o esforço cardiovascular a que bombeiros são expostos no período de 24 horas de atividade ocupacional de rotina. Objetivos: Avaliar a atividade física (ATF), comportamento sedentário (CS) e intensidade de esforço imposta ao sistema cardiovascular de bombeiros militares em prontidão no quartel pelo período de 24 horas. Indivíduos: Foram avaliados 33 bombeiros do sexo masculino, com mediana de idade de 35 (28 – 47) anos sem restrições médicas para o desempenho profissional. Métodos: Avaliaram-se a ATF de intensidade leve, moderada-vigorosa (MV), o CS e o esforço cardiovascular durante o período de 24 horas de atividade operacional. A ATF foi avaliada por meio da acelerometria e a sobrecarga cardiovascular por meio do comportamento da frequência cardíaca (FC). A análise foi realizada em conjunto (n= 33) e por sub-grupos: G1: atividades diversas; G2: atuação em combate a incêndio florestal de pequeno a médio porte no Distrito Federal; e G3: atuação em combate a incêndio florestal de grande porte na Chapada dos Veadeiros. Foram descritos os tempos de permanência em CS, em ATF leve, ATF-MV, o número de passos e o gasto energético. Também foram calculados os tempos absolutos e relativos de permanência em quatro zonas de intensidade de esforço físico (leve, moderada, vigorosa e muito vigorosa) de acordo com a FC. Resultados: Observou-se que durante o período de prontidão no quartel os voluntários acumularam em média 35% tempo em CS, 52% em ATF leve, 12% em ATF-MV, foram acumulados média de 13.444 passos e o gasto energético estimado foi de 1.404 kcal. Na análise entre grupos foi demonstrado que o G3 acumulou mais ATF de intensidade leve que o G2 (p= 0,02). Foi observado que a prevalência de voluntários ativos durante o plantão de 24h variou entre 45% a 97% a depender do critério e/ou método de avaliação. De acordo com a FC foram despendidos em média 17h:26min em atividade de intensidade leve (≤64% da FCmax), 41 min em atividade moderada (64%< FC ≤76% da FCmax), 23 min em vigorosa (76%< FC <94% da FCmax) e 4 min em atividade muito vigorosa (≥94% da FCmax). Conclusão: De modo global os dados confirmam as hipóteses de que os bombeiros são uma categoria profissional ativa; com rotina de trabalho em regime de prontidão de 24h que se associa a reduzido tempo em CS e a longos períodos de ATF leve intercalados com ATF-MV. A atividade de CIF se mostrou de maior sobrecarga cardiovascular que as demais. Nossos achados reforçam a importância de realização de triagem clínica e física para a seleção e acompanhamento contínuo de bombeiros militares em atividade operacional.