Resumo

A obesidade vem aumentando em crianças e adultos, o que traz sérias conseqüências para a saúde física e mental do indivíduo. Muitos estudos têm demonstrado que o excesso de peso tende a diminuir a expectativa de vida e predispõe à morbidade. A obesidade está relacionada com a redução das atividades motoras, fadiga e problemas psicológicos. É um problema de difícil tratamento. Assim, medidas de intervenção devem ser incentivadas para obter controle em fase precoce. O objetivo deste estudo foi de descrever e analisar os resultados das avaliações psicológicas de crianças que vieram para atendimento no Programa de Atenção Multiprofissional a Obesidade da Universidade de São Paulo nos anos de 2001 e 2002, ao iniciar o atendimento proposto pelo programa e ao final do mesmo, e também analisar peso, altura e IMC iniciais e finais dessas crianças. Os sujeitos desse estudo foram 19 crianças com percentil do IMC igual ou acima de 95, com idades entre 10 e 12 anos, participantes do programa. O Programa de Atenção Multiprofissional a Obesidade da Universidade de São Paulo tinha duração de um ano letivo e contava com uma equipe integrada por psicólogos, professores de educação física, nutricionistas e enfermeiros. O estudo foi realizado por meio da análise dos protocolos das avaliações psicológicas realizadas no início do trabalho e no final, durante os anos de 2001 e 2002. Em 2001 os testes aplicados foram: Teste do desenho da Figura Humana, IDATE – Inventário de Ansiedade Traço-Estado Forma C e Escala Infantil Piers-Harris de Auto-conceito. Em 2002 os testes aplicados foram: Teste do desenho da Figura Humana, Escala de Ansiedade “O que penso e sinto”, Escala de Lócus de Controle para crianças e Escala Infantil Piers-Harris de Auto-conceito. Os protocolos das avaliações psicológicas foram analisados de acordo com as normas de padronização de cada instrumento utilizado e foi verificado que, em sua maioria, as crianças deste estudo encontram-se dentro da média, com relação aos aspectos do seu funcionamento psicológico. Foi realizada uma comparação dos resultados dos instrumentos psicológicos de cada criança no início do trabalho e no final, em cada um dos anos, e não foram encontradas diferenças estatisticamente significantes mostrando que, de maneira geral, não houve alteração em relação aos aspectos do funcionamento psicológico das crianças após o trabalho realizado. Com relação ao peso inicial e final, não foi encontrada diferença estatisticamente significativa para o ano de 2001. Já para o ano de 2002 houve diferença, mostrando que as crianças tiveram aumento de peso na avaliação final. Com relação à altura inicial e final, foi encontrada diferença estatisticamente significativa nos dois anos, houve aumento na altura final das crianças. Com relação ao IMC inicial e final não foi verificada diferença estatisticamente significativa nos dois anos. Enquanto grupo, as crianças, ao final do programa, tenderam a manter seus índices de massa corporal (IMC), permanecendo na faixa do percentil 95 e, portanto indicando quão difícil é tratar o problema em crianças.

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