Resumo

A percepção individual da saúde é ótimo indicador para diagnóstico precoce de doenças e fatores de risco cardiovasculares, porém, ainda é pouco investigada em grupos de trabalhadores. Partindo disso, o objetivo deste estudo foi avaliar a saúde global e a presença de doenças crônicas não-transmissíveis em trabalhadores, relacionando-as com variáveis sociodemográficas, prática de atividade física e qualidade de vida. Estudo de caráter transversal e descritivo. Participaram 126 servidores públicos (47 homens e 79 mulheres) da UFPR e IFPR, adultos, participantes do exame médico periódico e admissional. Todos realizaram exames laboratoriais na pré-consulta, considerando as concentrações de Colesterol Total (CT), Triglicerídeos (TG), LDL-C, HDL-C, Glicemia (GLI) e Pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD). Aplicou-se o instrumento QVS-80 para avaliação de dados sóciodemográficos, saúde subjetiva, relato de presença de doenças crônicas não-transmissíveis, prática de atividade física e qualidade de vida (QV) dos trabalhadores. Verificou-se a normalidade dos dados pelo teste de Shapiro-Wilk. Utilizou-se teste t independente para comparação entre gêneros e entre grupos. Comparações entre gêneros para os escores de QV foram verificados pelo teste U de Mann Whitney. Comparações de proporções foram realizadas pelo teste quiquadrado. Concordância entre auto-relato e medidas laboratoriais para presença de doenças crônicas foi avaliada pelo índice de kappa. O nível significância foi de p≤0,05. Trabalhadores do sexo masculino possuíram maiores valores médios para massa corporal, estatura, IMC, PAD, PAS, LDL-C e menor valor para HDL-C em relação às mulheres (p<0,01). No total da amostra 99,2% relataram percepção boa da saúde. Mulheres apresentaram maiores proporções para classificação adequadas de IMC (68,4%) e de pressão arterial (73,4%) em comparação aos homens (36,2% e 40,4%, p<0,01). Não houve concordância entre os auto-relatos dos servidores e análises objetivas para colesterol elevado, TG elevados, hipertensão arterial e para presença de nenhuma doença (p<0,01). Classificação de inatividade física esteve presente em 49,2% da amostra. A atividade mais praticada foi caminhada. Homens obtiveram maior proporção de prática de atividades esportivas (p<0,001) em comparação às mulheres. Indivíduos ativos possuíram maior proporção de classificação normal de TG em comparação aos inativos (p=0,01). O domínio da saúde obteve escore muito satisfatório, seguido pelos domínios percepção da QV (satisfatório) e Ambiente Ocupacional e Atividade Física (insatisfatório). Trabalhadores inativos possuíram maior proporção para classificação insatisfatória no domínio da atividade física (p<0,001). Indivíduos com pós-graduação tiveram maior proporção de insatisfação nos domínios da atividade física (p=0,01) e ambiente ocupacional (p<0,05). Os resultados mostram a importância da avaliação periódica da saúde a fim de prevenir ou tratar fatores de risco desconhecidos pelos trabalhadores. Novas estratégias devem ser utilizadas visando melhor diagnóstico e acompanhamento da saúde do trabalhador.

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