Resumo

Há alguns anos, estamos convivendo com alunos de dança em uma partilha que de certa forma resultou neste trabalho. São meninos e rapazes que foram despertados pelo desejo de dançar. Muitos deles ultrapassaram as dificuldades normalmente encontradas em nossa sociedade em aceitar a prática de algumas danças quando executada por homens. Com eles, dividimos momentos de satisfação vindos dos aplausos das platéias calorosas motivadas pelo reconhecimento do trabalho e talento artístico que realizamos, e juntos sentimos o desapontamento diante da violência contida nos mecanismos de discriminação. Sabemos que em nosso país a inserção masculina em vários tipos de dança é vista como inadequada tendo muitas vezes seu acesso dificultado. Na tentativa de compreender esses conflitos que foram e ainda são um desafio para nós, surgiu a necessidade de conhecer um pouco mais da vida de outros homens que escolheram a dança como profissão. Esse é nosso maior desafio: entender a experiência vivida por homens que dançam em uma sociedade que os discrimina por praticarem uma atividade artística na qual vem sendo relacionada à opção homossexual.  O desenvolvimento desses mecanismos parece insistentemente repetitivo e podem ser constatados nos espaços sociais através de deboches, brincadeiras, insinuações e outras situações do cotidiano. Isso nos encoraja a refletir como os bailarinos1, se relacionam com as representações que a sociedade tem deles, e como apreendem os significados que definem esta relação. Neste sentido, procuramos mapear a conexão entre: representações da sociedade sobre homens bailarinos o olhar deles sobre essas representações e a mídia televisiva como reprodutora desta interação.  Consideramos que essas representações ocorridas no espaço público são baseadas em construções e desconstruções de modelos preestabelecidos, nos quais a sociedade os reproduz e a mídia põe em circulação. 

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