Resumo

A partir da segunda metade do século passado, houve a intensificação de
trabalhos no sentido estabelecer as bases epistemológicas da área da Educação
Física, buscando identificar o sentido acadêmico-científico dessa possível área
de conhecimento. Vários profissionais da área sentiram a necessidade de
demonstrar que a Educação Física, até então apresentada como sinônimos de
disciplina curricular na escola e de prática de atividades física, poderia ser
considerada como fonte de produção científica própria, talvez a partir dos
conhecimentos históricos a ela vinculados, como esportes, jogos, lutas,
movimentos ginásticos e danças. O presente trabalho busca identificar essa
produção de conhecimento destinada a estabelecer possibilidades para as bases
epistemológicas da Educação Física, entendidas estas como questões centrais
da origem do conhecimento e o lugar mais apropriado da experiência e da
razão na gênese desse conhecimento. Para tanto foram analisadas as propostas
mais disseminadas na área, a saber: os Métodos Ginásticos Europeus; a Teoria
Antropológico-Cultural do Esporte e da Educação Física de José Maria Cagigal;
a Teoria Praxeológica de Pierre Parlebás; a Teoria Psicocinética de Jean Le
Boulch e a Ciência da Motricidade Humana de Manuel Sérgio. Como é possível
imaginar a epistemologia dominada por duas metáforas rivais, sendo a primeira
representada por um edifício com fundamentos seguros e a segunda por um
barco que não tem fundamentos mas cuja força advém da estabilidade dada
pelas partes inter-relacinadas, o que pode ser afirmado, sem dúvidas ou erro, é
a caracterização da área como mais próxima dessa segunda metáfora, de caráter
multidisciplinar, não sendo possível concebê-la apenas através de padrões
epistêmicos definidos por uma única vertente de olhar o campo científico.

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