Resumo
O constante aumento da capacidade especial de trabalho do desportista é o objetivo do treinamento plurianual. As alterações resultantes das cargas de treinamento e de competição e as causas que as determinam formam o objeto central da investigação científico-metodológica no desporto. Os possíveis efeitos duradouros de treinamento (EPDT), decorrentes da organização das cargas concentradas, não têm sido alvo de publicações e elucidações tanto no que tange à realidade do basquetebol brasileiro, quanto no que diz respeito ao âmbito internacional. Observa-se ainda, uma carência, ou quase inexistência, da adoção do sistema de cargas concentradas (sistema de treinamento em bloco) nos desportos coletivos. O estudo objetivou examinar as relações entre as distintas orientações de carga de treinamento e a magnitude da reserva de adaptação (RAA) de basquetebolistas adultos submetidos ao sistema de treinamento em bloco, sendo assim, houve a possibilidade de analisar o comportamento dos componentes principais da forma física dos basquetebolistas e as respostas de adaptação a um regime de carga concentrada de distinta ênfase primária durante os diferentes momentos da temporada. Foram estudados dois grupos, o primeiro, denominado de Modelo A, submeteu-se a uma estrutura monocíclica de preparação com duração de 37 (trinta e sete) semanas e foi composto de 7 (sete) atletas, participantes do campeonato paulista da divisão principal (A1) com idade variando entre 19 e 28 anos, média, 21,7 anos, peso corporal entre 77 e 100kg, média, 89,7kg, e estatura entre 171 e 207cm, média, 192,7cm. O segundo grupo, denominado de Modelo B, foi composto por 8 (oito) atletas, também participantes do campeonato paulista da divisão principal (A1) com idade variando entre 19 e 30 anos, média, 23,5 anos, peso corporal entre 78 e 130kg, média, 98,75kg, e estatura entre 172 e 210cm, média,198,5cm. O Modelo B, constituiu-se de uma estrutura bicíclica de preparação. O primeiro macrociclo durou 23 (vinte e três) semanas enquanto que o segundo durou 19 semanas com uma semana de transição entre os mesmos. Na estruturação dos modelos, o macrociclo de treinamento foi dividido em etapa básica (cargas concentradas de força), etapa especial e etapa de competição. A etapa básica visou o aumento do potencial do organismo, como um pressuposto necessário para a revelação máxima das possibilidades fisiológicas nas etapas subseqüentes, quando do incremento do volume de realização dos exercícios com elevada intensidade metabólica de caráter especial e específico. No Modelo A, a etapa básica teve a duração de 12 (doze) semanas. No Modelo B, no primeiro macrociclo de treinamento, foi de 8 (oito) semanas e no segundo macrociclo de 3 (três) semanas. Os resultados do estudo confirmaram a eficácia do sistema de treinamento em bloco no basquetebol, pela possibilidade da exploração ótima da RAA. Observou-se incremento da capacidade especial de trabalho dos basquetebolistas, tanto para a estrutura monocíclica, quanto para a bicíclica, refletido através da pontual expressão do EPDT da velocidade de deslocamento, critério fundamental da avaliação da eficácia do sistema e objetivo principal do processo de preparação.