Resumo

Este ensaio debate o tempo como algo que foi fetichizado pela Modernidade, assumindo um papel determinante na vida das pessoas, consequência da dicotomização entre tempo de trabalho e tempo de ócio, com a valorização do primeiro sobre o segundo, e a sua associação com a busca pela qualidade de vida em detrimento a se usufruir de uma vida de qualidade, diante do que apresentamos como possibilidade de superar essa realidade a perspectiva do Bem-Viver, que parte de outra relação com o tempo, a natureza e os/as outro/as, fruto das vivências e conhecimentos dos povos originários da América Latina. Para auxiliar nessas reflexões também trazemos uma interessante história do povo Munduruku que nos ajuda a pensar sobre o sentido que damos ao tempo em nossas vidas.

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