Biomecânica da corrida com calçado e descalço: Revisão da literatura
Por Vitória da Silveira Jahn (Autor), Clara Knierim Correia (Autor), Elisa Dell’Antonio (Autor), Luis Mochizuki (Autor), Caroline Ruschel (Autor).
Em Revista Brasileira de Medicina do Esporte v. 26, n 6, 2020.
Resumo
Este estudo tem como objetivo analisar e resumir as diferenças biomecânicas (cinéticas, cinemáticas e neuromusculares) da corrida com calçado e descalço através de uma revisão de literatura. Foram realizadas buscas por artigos completos publicados entre 2013 e novembro de 2018 nos bancos de dados Web of Science, PubMed, Scopus e SPORTDiscus. Os descritores usados foram Biomechanics, Kinetics, Kinematics, Electromyography, “Surface Electromyography”; e Unshod, Barefoot, Barefeet e Running. A busca resultou em 687 artigos, e depois da exclusão das duplicatas e seleção através do título, do resumo e do texto completo, 40 artigos foram incluídos na revisão. Os resultados evidenciam que existem diferenças importantes na biomecânica da corrida entre as condições calçado e descalço. De maneira geral, os estudos indicam que, na corrida descalço: (a) os indivíduos apresentam padrão de pisada com o antepé ou mesopé, enquanto na corrida com calçado, o padrão típico é com o retropé; (b) observa-se maior cadência e menor comprimento da passada; e (c) ocorre maior flexão de joelho, menor pico de força vertical de reação do solo e maior ativação da parte medial do gastrocnêmio. Ainda, na condição descalço, os corredores fazem o contato com o solo com maior flexão plantar, possivelmente buscando uma estratégia de atenuação de impacto durante a pisada sem calçado. Essas diferenças, assim como a individualidade dos praticantes, devem ser consideradas na prescrição da corrida descalço, visando minimizar a ocorrência de lesões decorrentes da prática.