Podcast do Prof. Bramante #33. a Internacionalização do Lazer - Parte 2
Integra
Aos que me ouvem neste momento, um ótimo dia!
O tema do podcast de hoje é “A internacionalização do Lazer – Parte II”.
Firmei o compromisso com professor Reinaldo Pacheco, da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP, de voltar a este tema, nesta oportunidade, mais especificamente voltado para os estudos do lazer.
É importante estabelecer um recorte temporal dos estudos do lazer em nosso país para se fazer um paralelo com o que estava acontecendo nesse campo em outras partes do mundo, em particular na Europa e na América do Norte.
Embora tenhamos inúmeras experiências datadas da primeira metade do século passado tanto no Brasil como no exterior, os estudos do lazer experimentaram um grande avanço, especialmente após da segunda guerra mundial, conquistando sua legitimidade como um direito social para todos, expressos nos mais diversos documentos.
Pessoalmente, estou ligado a área desde o início dos anos de 1970, quando, admitido para ser professor do componente curricular “Recreação” na Faculdade de Educação Física de Sorocaba, fiz meu primeiro curso nesse tema na Argentina, com o extraordinário animador sociocultural Juan Carlos Cutrera. Voltei de lá encantado como ele: com um olhar, ou mesmo ao som de uma flautinha plástica, atraia a atenção de dezenas, senão centenas de pessoas. Posteriormente, tive a oportunidade de trazê-lo ao Brasil mais de um a vez e ele, para mim, mesmo não estando mais entre nós, continua sendo uma referência para aquilo que podemos chamar de “recreador”.
Nessa mesma época, conheci as pesquisas e experiências relatadas pelo próprio Joffre Dumazedier, de origem francesa e considerado o “pai da sociologia do lazer”. Na ocasião ele trouxe um novo olhar para esse campo de estudos e intervenção que eu ainda desconhecia. Vim a encontra-lo, pessoalmente, aqui no Brasil em um seminário interno, de uma semana de duração, no Sesc de São Paulo na década de 1970 e depois, nos Estados Unidos e também na Colômbia nos anos 1980, quando participei, com outros sete brasileiros, no congresso de 25º. Aniversário da Associação Colombiana de Recreação. Esse país sempre esteve a nossa frente em vários aspectos do lazer.
Sem dúvidas, o “divisor de águas” para mim nesse processo de internacionalização do lazer, ocorreu durante os quase quatro anos do doutorado nos Estados Unidos na década de 1980. Ali observei, participei e estudei uma nova abrangência conceitual desse fenômeno, da antropologia à economia, passando pela psicologia, cuja união com a vertente sociológica europeia me trouxe o que considero a matriz ideal de análise, que é a abordagem sócio-psicológica do lazer. Além de ter sido orientado por um destacado sociólogo do lazer, Geoffrey Godbey, com ele também aprendi a importância de se mapear o presente e projetar tendências futuras, as quais espelhei em pelo menos dois capítulos de livro.
Também nos Estados Unidos, participei de vários encontros, seminários e congressos da área, que me abriu a mente para outra tão importante interface que é entre recreação e parques. Já em 1906 se discutia a importância desse binômio para a promoção da qualidade de vida das pessoas. Desde então, a hoje denominada Associação Nacional de Recreação e Parques reúne quase dez mil pessoas em seus congressos anuais, programados com cinco anos de antecedência.
Nesse período, ao participar do primeiro Congresso Mundial de Lazer em Lake Louise, Canadá em 1986, realizado pela então Associação Mundial de Recreação e Lazer, hoje denominada Organização Mundial de Lazer, comecei, de maneira mais efetiva, a fazer parte desse rico processo dos estudos internacionais no campo do lazer, tendo feito parte do seu Conselho Diretor por dez anos na década de 1990, voltando a fazer parte desse órgão desde 2018 até a atualidade.
Para aqueles que desejam se aprofundar na dimensão internacional do lazer, é essencial visitar o site oficial dessa organização: www.wlo.org. São inúmeras as possibilidades de inserção temática no lazer já que possui onze grupos de interesse especial, passando pelo seu periódico – World Leisure Journal – até os seus eventos regulares. O XVII Congresso Mundial de Lazer será realizado em Dunedin, na Nova Zelândia, de 12 a 16 de dezembro no próximo ano, abordando o tema “Lazer: aprenda bem, viva bem”.
Acreditem, tenho ainda mais assunto para tratar sobre a importância do nosso protagonismo no panorama internacional no campo do lazer, que o farei em outras oportunidades.
Recomendo, no entanto, que busquem esse caminho, já que temos muito a aprender e muito a ensinar.
Eu sou Professor Bramante e até o próximo podcast.