Resumo

 

Integra

     Tardiamente, mas, enfim, o programa Bolsa Atleta passará por grande revisão da nova Secretaria de Esporte do Ministério da Cidadania. A informação está no Blog Brasil Olímpico.
         Criada em 2004, a bolsa tornou-se um importante apoio financeiro do governo federal para a melhor preparação dos atletas em todos os níveis. Os governos que se sucederam desde então, se orgulhavam de noticiar, mundo afora, que se tratava do maior programa planetário do gênero... 
         Porém, com o passar dos anos, o Bolsa Atleta tornou-se mais um foco de corrupção no extinto Ministério do Esporte. E, da mesma forma, sem receber atenção das autoridades de então para as denúncias sobre os desmandos identificados. 
Por exemplo, inexpressivos campeonatos de uma determinada modalidade (judô, karatê etc) eram realizados no Mato Grosso do Sul, atraindo um ou dois jogadores do Paraguai. Ou no Mato Grosso, com representantes da Bolívia. Essas competições eram chamadas de “internacional” título de “internacional”, o que aumentava o valor da bolsa para os campeões brasileiros, no caso. Porém, sem qualquer conhecimento ou aval da respectiva confederação. Eram eventos de fundo de quintal para burlar a legislação. E ninguém cuidava de avaliar o nível daquelas competições. 
         Em outros casos, o Ministério do Esporte contemplava atletas que já recebiam valiosos prêmios nas competições que disputavam. Em 2014, Thomaz Belucci, do tênis, recebeu 329 mil dólares nos torneios que disputou. Mas, no mesmo ano, ele acusava um acúmulo de 3,2 milhões de dólares na carreira. Ótimo. Ele é profissional, vive disso. Paralelamente, a modalidade ainda era contemplada com patrocínios dos Correios, justamente para “treinar atletas de alto rendimento”...
         Mais: em 2015, o Tribunal de Contas da União realizou uma auditoria no programa Bolsa Atleta. E identificou que 45 competidores contemplados sequer existiam. 
         Daí, a importância dessa revisão que o Secretaria do Esporte promete realizar. Não apenas para identificar “atletas fantasmas”, mas para criar critérios que contemplem, prioritariamente, atletas ainda sem visibilidade na mídia. Esses, sabe-se, são os que mais precisam – ao contrário dos que muito já ganham – pois só aparecerão no momento em que conquistarem um grande feito. 
         Finalmente: essa prometida revisão de critérios não pode ser isolada.  Ela precisa ser comparada com outros programas, como a Lei de Incentivo ao Esporte. Muitos clubes beneficiam-se dos incentivos a pretexto de “apoiar o treinamento de atletas de alto rendimento”. Em duplicidade e hipoteticamente, o atleta recebe a Bolsa, mas nunca viu a cor do dinheiro público da Lei de Incentivo. Se for rigorosa, como promete, essa revisão ainda mostrará mais surpresas, com prejuízo para o esporte e os cofres públicos, claro.