Boxe no capão

Parte de Escrevivências da educação física cultural - Vol. 2 . páginas 136 - 145

Resumo

O presente relato traz um olhar para as atividades desenvolvidas durante as aulas de Educação Física ao longo do ano de 2019, com duas turmas de quarto ano do Ensino Fundamental na EMEF Campo Limpo II, situada no bairro do Capão Redondo, extremo sul da cidade de São Paulo.Primeiro ano atuando na rede municipal de ensino da cidade de São Paulo, primeiro trabalho desenvolvido na perspectiva cultural de Educação Física. Deparei-me com turmas com hábitos e costumes decorrentes de aulas pautadas em outras perspectivas que a professora titular desenvolvia. Senti-me desafiada a todo instante, pois além de me permitir dar os primeiros passos com o currículo cultural, uma perspectiva diferente para mim, os alunos estavam acostumados com outro tipo de currículo. Iniciei o trabalho observando os alunos, os acontecimentos na escola, o espaço e os materiais disponíveis: luvas, bandagem, cordas, nécessaire, colchone-tes. No primeiro contato com os estudantes fizemos uma conversa para saber quais temas já tinham sido vivenciados e discutidos por eles durante as aulas, as práticas já acessadas em outros espaços e os locais que eles frequentavam no bairro. Mencionaram a Fábrica de Cultura, campos de futebol, quadras poliesportivas, pracinhas, ruas etc. Falaram bastante de esportes, brincadeiras, ginásticas, pouco disseram sobre danças e lutas. Atenta às falas e às práticas mencionadas, elegi a luta como tema a ser desenvolvido. Assim, encaminhei a primeira atividade, separei diversas imagens de diversos corpos praticando o boxe, mulheres, homens, negros, brancos, asiáticos, crianças, idosos, pessoas gordas, magras, gestantes..A intenção era convidar a turma a produzir uma leitura acompanhada de reflexão sobre as subjetividades que penetram a ocorrência da luta.