Integra

Há sempre um futuro à nossa espera, que avalia o passado e desafia o presente. Quanto mais este nos desaponta, mais sentimos a ausência e saudade do porvir, a necessidade que dele temos, a ânsia e a obrigação de o projetar.

Quando o intelecto se avilta e ignora que a democracia é uma criança carecida de ser amparada e cuidada com consciência ética e política, então a estupidez emerge pujante, fecha os olhos à irracionalidade das escolhas que levam à tragédia do autoritarismo e obscurantismo. O ambiente é grotesco e alastra na Europa e nos EUA, em países ditos civilizados e de primeiro-mundo, e não apenas no Brasil!

Mas hoje, dia comemorativo da independência da pátria-irmã, a maior da Lusofonia, é para ela que volto a minha preocupação. A luta, que nela se trava, é a expressão das dores de parto de outro estádio da civilização. As figuras que estão na sala, vistas a olho nu, representam a ordem que consentimos e sancionamos. Umas, aventesmas, abusam da nossa incapacidade de os apear do pódio que ocupam exclusivamente para benefício próprio, mesmo invocando a defesa de direitos fundamentais. Outras, com bravura, intentam desmontar o circo dos poderosos e cortar o cordão umbilical que dificulta a vinda da dignidade para todos; todavia, apesar do seu comprometimento com o bem público, não contam com o apoio e encorajamento de muita gente que prefere assistir na bancada da apatia e do oportunismo.

Mesmo assim sou esperançoso. Vivemos numa era de aguardo do novo; e é este desvão que os monstros tentam ocupar. Por mais duro que seja o combate, eles vão soçobrar. O Brasil tem marcado o encontro com a realização do sonho que a sua plêiade de vates, poetas, cantores e artistas vem idealizando, como a odisseia em que Ulisses navega para Ítaca, para a mulher amada e o filho abençoado. É na busca desse futuro que continua a andar, com o ânimo temperado pela dificuldade, e o caminho e o rumo renovados pela engenhosidade. Livre do messianismo e do cinismo de criaturas com alma encardida e o coração apodrecido, há de alcançar o sublime ideal: o de contribuir para estabelecer a linha curva da adaptação como padrão da harmonia e sinfonia universal.