Integra

introdução:

o ser humano é dotado da capacidade de brincar que surge quando a criança ainda está no colo da mãe e perdura ao longo da vida. modificam-se os motivos, os modos, os estilos, os espaços, os tempos e as oportunidades, no entanto, o interesse e a necessidade de brincar e jogar continuam camufladas pelo excesso de obrigações.

a criança não possui autonomia para tomar suas próprias decisões e eleger seu espaço para brincar. todavia, brincar é um direito da criança adquirido por leis, como é o caso da constituição federal e do e.c.a., que colocam o brincar numa posição de destaque e prioridade, frente às obrigações da família, do estado e da sociedade.

contudo, vários fatores contribuem para o cerceamento do direito de brincar, adquirido pela criança. entre eles estão falta de: espaço, tempo, companhia, desvalorização do brincar, situação sócio-econômica e outras.

desse modo a criança incorpora o gosto pela tv. e deixa de criar e conhecer o universo de brincadeiras, que poderiam ser estimuladas pela família e pela escola, num movimento de resgate e construção de conhecimento da cultura do mundo infantil.

nesta perspectiva, fundamentamos este trabalho, a partir das idéias de piaget, huizinga, aries e outros, para compreender o significado das brincadeiras e jogos; discutir sua importância, perceber sua dimensão e como estão situadas na educação infantil, procurando responder qual o espaço que os jogos e brincadeiras ocupam nas aulas de educação física para crianças pequenas.

metodologia:

participaram do estudo 42 crianças, do período vespertino, de duas turmas de educação infantil, de uma escola municipal da rede pública em um bairro da periferia de cuiabá.

foram utilizadas duas fichas de observação que possibilitaram maior agilidade na catalogação dos dados observáveis e fotos para registrar momentos considerados relevantes à averiguação do objeto de estudo.

a escola foi escolhida por possuir professores graduados na área de educação física, inclusive para a educação infantil. além disso, o estudo foi possível pelo fácil acesso da pesquisadora ao local, e a permissão concedida pela diretora, orientadora e professores da escola.

as observações foram efetuadas em 08 aulas de cada turma, perfazendo um total de 16 aulas.

seguiu-se o roteiro das fichas de observação, a qual serviu como guia para identificação dos espaços físicos, fechado e aberto utilizados para brincadeiras e jogos infantis espontâneos ou dirigidos pelo professor; se existiam brinquedos, materiais e equipamentos disponíveis e se os mesmos eram utilizados como estímulos aos jogos e brincadeiras durante as aulas de educação física, além de observar se o professor estimulava os jogos infantis durante suas aulas.

os dados obtidos foram agrupados e apresentados em quadros e gráficos, os quais revelaram em freqüência e porcentagem, qual o espaço existente e utilizado nas aulas de educação física para o exercício das brincadeiras e jogos infantis.resultados:
os dados disponíveis foram trabalhados e analisados por meio de tabelas e gráficos, com apresentação de porcentagens, que constatou a inexistência de espaço fechado reservado a jogos e brincadeiras.

a escola possui espaço físico fechado, além das salas de aula, como é o caso do auditório, com palco de 35,32m² utilizado em 25% das aulas. há, também, espaços abertos como é o caso do quintal, da quadra e do parque infantil.

o quintal foi utilizado também em 25% das aulas de educação física que apesar dos seus 414,34m², é desprovido de objetos ou equipamentos que poderiam facilitar e estimular a imaginação das crianças, além de ampliar seus movimentos e criar suas próprias brincadeiras.

a quadra aberta que mede aproximadamente 567,43m². foi o espaço mais utilizado durante as aulas de educação física, 50% delas. conquanto exista no ambiente pesquisado um espaço aberto destinado exclusivamente ao lazer das crianças (parque infantil) esse espaço não foi utilizado.

um outro dado que aparece na pesquisa é a carência de materiais adequados para o trabalho com crianças da educação infantil e valorização de algumas categorias de jogos em detrimento de outras: jogos de exercícios 60%; jogos espontâneos 28%; jogos de regras 10% e 2% de jogo folclórico.

dos 293 alunos presentes, 256 participaram ativamente das aulas. no entanto 12,63%, não participaram das atividades propostas.

conclusões:

este trabalho evidenciou o espaço que os jogos e brincadeiras infantis ocupam nas aulas de educação física para crianças de cinco e seis anos numa escola da periferia de cuiabá, onde ficou claro que não há um ambiente fechado reservado aos jogos e brincadeiras. e que o espaço aberto reservado, também é restrito.

mostrou a inadequação do espaço fechado utilizado às atividades físicas, como é o caso do pequeno palco do auditório.

nos espaços abertos, como quintal, percebeu-se que não há uma preocupação em incentivar o movimento das brincadeiras infantis, visto que não há nele objetos ou equipamentos que favoreçam a criatividade ao brincar e a quadra, tem o inconveniente de expor a criança às intempéries do tempo demonstrando o descaso dos responsáveis pela escola pública. soma-se a isto a falta de materiais compatíveis com a faixa etária; a inexistência de brinquedos ao alcance da criança, a pouca utilização dos equipamentos existentes e a valorização dos jogos de exercícios em detrimento de outras categorias consideradas fundamentais pelos autores estudados.

por esse motivo o professor de educação física da pré-escola deve ser criativo, buscar novos conhecimentos sobre jogos e brincadeiras infantis e propiciar ao aluno maior variedade de movimento por meio delas e a escola deve fornecer espaço físico e materiais adequados às necessidades da educação infantil, fato que contribuirá para as aulas serem uma via de acesso a uma educação alegre e de "corpo inteiro".