Resumo

Este estudo teve por objetivo descrever e discutir as maneiras pelas quais a díade, mãe ouvinte/filha surda constroem a dinâmica do brincar. O mesmo foi realizado num período de O1 ano e 05 meses, com duas díades, mãe ouvinte/filha surda no Centro de Estudos e Pesquisas em Reabilitação (Cepre) da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) na Universidade Estadual de Campinas. A partir de estudos anteriores, observamos as dificuldades enfrentadas por pais ouvintes nas suas interações com o filho surdo. Acreditamos que por meio do brincar haverá maior aproximação entre mãe ouvinte/filho surdo, já que o brincar é a linguagem Universal das crianças. O uso de sinais realizados na rotina diária teve uma "função facilitadora", permitindo ás mães perceberem as reais possibilidades de desenvolvimento de seu filho surdo. As mães tiveram, semanalmente, aulas de língua de sinais com um surdo fluente em LIBRAS (língua brasileira de sinais). Receberam orientação semanal da fonoaudióloga para estimular o filho surdo no dia a dia. A coleta de dados teve início quando as crianças tinham 2 anos de idade, e as mães foram instruídas a brincar livremente com a filha surda, escolhendo os brinquedos a partir de uma seleção pré-estabelecida. As sessões foram filmadas mensalmente e analisadas de acordo com a: escolha do brinquedo, organização da brincadeira, motivação, compreensão da brincadeira e comunicação. Os resultados nos indicam o quanto foi importante o papel de cada mãe para promover a compreensão, manter a motivação, estabelecer a comunicação com a filha surda. Este estudo indicou que apesar da diferenças no estilo de brincar de cada mãe e a interação com a filha surda, ambas, as crianças demonstraram desenvolvimento geral compatível com a idade. Esta pesquisa sugere que, mais importante que a escolha do brinquedo é a postura da mãe frente ao brincar. As brincadeiras foram fontes de estímulos para ampliar o repertório do brincar, partindo da exploração sensorial até a formulação de regras.

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