Resumo

O aikido é uma das mais modernas manifestações marciais nipônicas. Criado por Morihei Ueshiba (1883 – 1969), o aikido chegou ao Brasil por meio dos imigrantes Reishin Kawai, Teruo Nakatani e Ichitami Shikanai. A partir de sua influência, diferentes grupos se constituíram e os brasileiros passaram a conhecer a “arte da paz” – nome pelo qual o aikido também é conhecido. O presente trabalho, fruto da dissertação de mestrado intitulada “A memória é uma ilha de edição: narrativas e significados sobre o início e a difusão do aikido no Brasil” (PRADO, 2014) tem por objetivo explicitar a variedade de memórias e seus múltiplos sentidos associados ao pioneirismo de tal prática marcial em solo brasileiro. Para tanto, lançou-se mão da História Oral de caráter temático como metodologia para o registro e tratamento das narrativas dos indivíduos entrevistados. A obra “Manual de História Oral” da autora Verena Alberti (2005) foi utilizada como principal referencial na concepção do roteiro de entrevistas – dividido em três seções (biografia, chegada e disseminação do aikido no Brasil) –, bem como na condução dos encontros de entrevista e posteriormente ao longo do processo de transcrição dos relatos dos participantes. O aporte teórico para a análise e discussão das memórias dos entrevistados contou tanto com referenciais da própria História Oral, como das áreas de Historiografia, Sociologia, Memória e Psicologia Social. O caráter ativo do processo recordatório e a natureza contemporânea das memórias aqui coligidas ganham destaque, sobretudo no que diz respeito às suas idiossincrasias. Desse modo, além de descrever a inauguração de um novo “campo” de práticas marciais no cenário brasileiro, as narrativas dos professores entrevistados também evidenciam significados não compartilhados sobre as motivações que trouxeram cada um dos mestres pioneiros do aikido ao Brasil. Privilegiou-se, portanto, a singularidade de cada relato e a subjetividade presente nos processos de interpretação do passado no lugar da consonância e dos significados compartilhados. Conhecer tais memórias, implica em compreender desdobramentos narrativos posteriores, especialmente dos grupos ou instituições aos quais os professores entrevistados estão vinculados, que reivindicam de forma mais ou menos explícita a tradição e a oficialidade do aikido em terras brasileiras. A justificativa para a realização da pesquisa ora apresentada foi a ausência de publicações relativas ao aikido, tanto de artigos quanto de dissertações ou teses nacionais, com viés sociocultural.