Cafeína e desempenho de endurance: relações entre expectativa e efeito ergogênico
Por Giovanna Marcucci Da Silva (Autor), Flávio De Oliveira Pires (Autor), Fabiano Pinheiro (Autor), Paulo Estevão Franco Alvarenga (Autor), Ítalo Vinícius Floriano De Paula (Autor).
Em 46º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
A cafeína é usada em diferentes modalidades esportivas de endurance, com eficácia comprovada em potencializar o desempenho físico a depender da dose administrada, tempo de ação e modelo de exercício utilizado. Importante, tem sido sugerido que a expectativa individual em relação ao potencial efeito ergogênico da cafeína também pode interferir na sua eficácia em melhorar o desempenho de endurance, embora essa relação tenha sido muito pouco explorada. O objetivo do presente estudo foi investigar se a expectativa prévia em relação aos efeitos ergogênicos da cafeína teriam influência no grau de melhora no desempenho físico em teste de ciclismo contrarrelógio de 4Km (CR4Km). A confiabilidade do efeito ergogênico da cafeína também foi avaliada.
Métodos: Ciclistas treinados (n=12) realizaram duas visitas preliminares de familiarização com o CR4Km, e três sessões experimentais sendo duas com suplementação de 5mg/Kg de cafeína (CAFI e CAFII) e uma com placebo, em ordem balanceada. As visitas experimentais contaram com um CR4Km sem suplementação (baseline) e dois CR4Km (TS1 e TS2), um 45min após a ingestão de cafeína e outro 30min após o primeiro CR4Km suplementado. Os participantes responderam a um questionário semiestruturado (CaffEQ-BR) no início de cada sessão para quantificar o grau de expectativa sobre a melhora do desempenho com cafeína. O desempenho com suplementação foi calculado pelo delta de alteração em relação ao baseline comparado por meio de modelos mistos para medidas repetidas. A confiabilidade relativa do tempo de prova no CR4km (intra e entre sessões) foi analisada pelo coeficiente de correlação intraclasse (CCI), enquanto a confiabilidade absoluta foi estimada pelo erro padrão da medida (EPM). A relação entre expectativa e desempenho foi calculada pelo r de Pearson. Significância de 5% foi adotada nas análises, com valores reportados como média (± desvio padrão).
Resultados: A expectativa não apresentou correlação significante com a performance nos CR4Km suplementados, mesmo quando considerada a correlação parcial (r ≤ 0,3; Fraca em todas as comparações). O tempo de prova nas sessões CAFI e CAFII diminuiu em relação ao placebo para TS1 (1,8% e 0,5%) e TS2 (0,5% e 0,5%), com diferenças significantes pontuais (p=0,48 e 0,92, respectivamente). A confiabilidade relativa entre sessões foi de 0,75 e 0,87 para TS1 e TS2, com erro padrão de 13s e 9,7s. Na comparação intrasessão, o CCI foi de 0,78 para CAFI e 0,97 para CAFII, com EPM de 14,7s e 6,8s.
Conclusão: Os resultados deste estudo sugerem que a expectativa prévia em relação à eficácia da cafeína não influenciou na melhora da performance de endurance em CR4Km com suplementação de cafeína. Os resultados também mostram níveis elevados de confiabilidade da suplementação com cafeína.