Resumo

É sempre um desafio trabalhar com a dança como conteúdo da educação física escolar, mas por maiores que sejam as dificuldades é fundamental buscar uma forma sistematizada de se trabalhar com esse conteúdo na escola, pois através da dança é possível trabalhar de modo inclusivo e diferenciado, questões que historicamente têm privilegiado determinados indivíduos e grupos em relação a outros, principalmente no que se refere às questões de gênero. O objetivo desse trabalho foi apontar caminhos para uma proposta de trabalho com a dança e as relações de gênero nas séries iniciais do ensino fundamental, dentro de uma perspectiva de equidade de gênero. A pesquisa, de natureza qualitativa, se dividiu em quatro etapas: na primeira, foi feito um rastreamento do material bibliográfico com vistas à produção de reflexões sobre os temas dança, gênero e escola; na segunda, foi elaborada uma unidade didática envolvendo a dança e as relações de gênero; na terceira foi feita a aplicação dessa unidade didática, e na quarta foi realizada a análise dos registros produzidos em aula (diários de campo), sendo utilizada a técnica de análise de conteúdo e os estudos de BAKTIN (2003a; 2003b; 2006; 2010). Os resultados foram expressos em três categorias: 1 - Dança é coisa de menina, 2 – Agrupamentos e 3 - Envolvimento nas atividades. Verificou-se na pesquisa que a maior parte dos alunos pensavam que a dança é uma atividade feminina e que a escola, como instituição da sociedade, acaba, muitas vezes, reforçando concepções e estereótipos que estão profundamente enraizados. Porém as impressões e opiniões dos alunos sobre a dança e as questões de gênero se modicaram ao longo das aulas, de forma positiva Além disso, nos agrupamentos formados durante as atividades, a divisão por gênero era bastante presente. Observou-se também que a ludicidade e o uso de vídeos nas aulas foram estratégias que resultaram em um maior envolvimento dos alunos nas atividades e nas relações entre meninos e meninas. Entendemos com essa pesquisa o quanto é importante a reflexão e o diálogo no processo de ensino e aprendizagem da dança na escola e que só será possivel pensar e desenvolver uma dança da escola, recriando o seu sentido, através da promoção de práticas que propiciem iguais oportunidades de vivência às meninas e aos meninos, possibilitando que ambos possam desenvolver suas potencialidades, rompendo assim preconceitos, em direção à uma equidade nas relações entre gêneros na escola

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