Resumo

Este trabalho propõe-se a pesquisar a constituição de alguns campos de visibilidades da capoeira baiana, em particular, as experiências dos antigos mestres nos centros (nas escolas) de capoeira, nas festas populares, no cinema e na arte. Pretende-se analisar os jogos de cultura, corpo e sociabilidade presentes na capoeira, assim como suas relações com a seguinte passagem histórica; a visão da capoeira como sendo algo minoritário, ritualístico, pertencente há um certo grupo social para uma visibilidade da capoeira enquanto forma de expressão característica do turismo, do esporte, do cinema e da arte; Refletimos, também a respeito dos dispositivos criados pelo corpo e pela oralidade na transmissão dos saberes, bem como a necessidade dos capoeiras de expressarem sua arte para o público em geral. Ousamos recriar conceitos como duplagens culturais, corpo-capoeira, cultura-capoeira, paisagem-passagem, artecapoeira e outros Para tanto, focamos o tempo histórico nas décadas de 1950 à 1990, período de grande efervescência na política, na cultura e nas relações sociais como um todo, tanto em nível nacional como internacional. Do ponto de vista historiográfico, a importância deste período histórico está na constante curiosidade pelo universo simbólico da capoeira, sendo muito referenciado devido ao processo de difusão da capoeira baiana para o Brasil e para o mundo. A árdua tarefa e o esforço de tentamos trabalhar as fontes de maneira interdisciplinar, as fontes orais, imagéticas e escritas. Cada gênero de fonte como se fosse um platô que se liga um no outro, ressoando entre elas, complementam-se, mas também, se interpelam e se contradiz. Os diversos campos de visibilidade da capoeira permitiram a passagem de uma arte baseada nos princípios ritualísticos de “tradições” para novas formas operantes de viver a capoeira. Essa situação criou novos territórios de trânsito, de vaivém e de passagens indeterminadas, daqueles que queriam mostrar a sua arte-cultura-capoeira para aqueles que além de contemplar, passaram também a consumir esses novos processos educacionais de trabalhar o corpo. Sendo assim, os sujeitos com suas respectivas culturas se articulam por diversos desejos, formandos novos territórios de trocas culturais, quase sempre, ambivalentes, disciplinares, comunitários, familiares e, sobretudo trans-culturais