Capacidade cardiorrespiratória de indivíduos com Escoliose Idiopática do Adolescente tratados com artrodese vertebral e em tratamento conservador
Por Thiago Lemos De Carvalho (Autor), José Carlos S. Albarello (Autor), Conrado Torres Laett (Autor), Sidnei Cavalcante Silva (Autor).
Em 46º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
A Escoliose Idiopática do Adolescente (EIA) pode levar a um maior esforço cardiorrespiratório, mesmo em atividades físicas submáximas devido à gravidade da curva escoliótica. No entanto, ainda existe uma lacuna no conhecimento em relação às diferenças de desempenho, independentemente de os indivíduos serem submetidos a procedimento cirúrgico.
Objetivo: Verificar as respostas hemodinâmicas, respiratórias e metabólicas das trocas gasosas e ventilatórias em pacientes com EIA, por meio do teste de caminhada de 6 minutos (TC6) em tratamento conservador (PRÉ) e submetidos a artrodese vertebral por via posterior (PÓS), comparando os resultados com um grupo saudável (CTL) pareado por sexo e faixa etária.
Métodos: Foram analisados dados de 30 indivíduos com EIA em tratamento conservador (24 mulheres), 30 indivíduos submetidos a artrodese vertebral por via posterior (24 mulheres) e 27 indivíduos saudáveis (21 Mulheres). Medidas de massa corporal total, estatura e composição corporal foram realizadas. A tolerância ao exercício foi avaliada pela distância máxima percorrida no TC6, acompanhada das respostas dos sinais vitais ao esforço realizado. Para avaliar as respostas metabólicas durante o TC6, foi utilizado o ULTIMA CPX-D, realizando o TC6 em esteira rolante, ajustando a velocidade para uma redução de 15% em relação à distância percorrida fora da esteira. Esta redução foi baseada na literatura que demonstrou que quando o TC6 era realizado em esteira rolante, sendo a velocidade ajustada pelo próprio paciente, a distância percorrida era em média 14% menor do que a obtida fora da esteira rolante. Comparações entre os grupos foram feitas com testes t e anovas de modelo misto, com correção de Bonferroni nos testes post-hoc.
Resultados: Diferenças foram reveladas na distância percorrida no TC6 entre os grupos PRÉ, PÓS e CTL (534±67m, 541±69m e 612±70m, respectivamente, p<0,001). No grupo PÓS, foi observado um maior consumo de oxigênio (VO2) em relação ao grupo controle no quarto minuto de teste (p=0,002). Diferenças também foram observadas na relação de trocas respiratórias (R) entre os grupos PRÉ e CTL (p<0,001), PRÉ e PÓS (p=0,001 – 0,030) ao final de todos os minutos e entre o grupo PÓS e CONT ao final do segundo e terceiro minuto de teste (p=0,015 – 0,046).
Conclusão: A cirurgia de correção da coluna vertebral em pacientes com EIA, parece não influenciar o VO2 durante atividades físicas submáximas em comparação com indivíduos PRÉ; Pacientes submetidos à cirurgia, demonstraram uma melhoria na relação das trocas respiratórias, sugerindo uma possível redução do esforço respiratório durante o TC6; Parece que a artrodese vertebral pode contribuir para uma resposta mais eficiente ao esforço em atividades submáximas, embora o VO2 não tenha sido diretamente afetado.