Resumo

O presente estudo objetivou analisar a capoeira na atualidade no que diz respeito às rupturas e disputas de poder que se deram com as escolas tradicionais, angola e regional, tal qual preconizadas por seus criadores, para o surgimento das novas manifestações que hoje se apresentam no espaço social da capoeira. Neste sentido, fizemos um recorte no qual demos enfoque ao fenômeno denominado capoeira contemporânea, abordando-o, e à capoeira, de forma geral como manifestações pautadas por um modelo artesanal, e analisando-os a partir da teoria social de Pierre Bourdieu. Assim, os objetivos deste estudo foram compreender o fenômeno reconhecido pelo termo capoeira contemporânea, analisando: a) o contexto histórico e a estrutura social que levaram à ruptura com as escolas tradicionais; b) a relação entre a capoeira, tal qual praticada na atualidade, com educação física e o esporte; c) a existência, ou não, de uma nova escola de capoeira que se some às tradicionais. Optou-se pela pesquisa qualitativa, tendo como técnica a entrevista semi-estruturada com oito mestres que se auto declararam praticantes de capoeira contemporânea. As entrevistas demonstraram que, de forma geral, os mestres de capoeira contemporânea tendem a não considerá-la uma escola de capoeira, tais quais o são as capoeiras angola e regional, pois ela carece de fundamentações universalisadas entre seus praticantes, denominadas por Eric Hobsbawm de tradições inventadas. No entanto, ela redimencionou ambas as escolas tradicionais como os pilares fundamentais da prática, rompendo assim com a separação angola/regional existente até então. Além disso, a capoeira contemporânea tende a dar liberdade para reestruturar-se a prática da capoeira criando novos fundamentos ou acoplando a eles características de outras práticas, como lutas ou acrobacias. Concluímos que a capoeira contemporânea constitui-se, não numa escola, mas num modelo de prática pautado...

Acessar Arquivo