Resumo
Por meio de uma abordagem fenomenológica clássica própria para o estudo de fenômenos culturais, este trabalho se direciona para a gênese das vivências em capoeira. Buscando um aprofundamento teórico, tenta estruturar subsídios metodológicos para desenvolver um modo de descrição fenomenológica menos distante abstrativamente do modo como a capoeira é vivida por aqueles que a manifestam, bem como das vivências em capoeira do próprio pesquisador que são parte constitutiva dos resultados. Realizam-se então entrevistas com 15 mestres de capoeira de diversas vertentes. Depois de transcritos, estes depoimentos foram submetidos aos procedimentos metodológicos pertinentes à arqueologia fenomenológica das culturas e a fenomenologia genética de Edmund Husserl (1859-1938). Os sucessivos cruzamentos intencionais, permeados pela corporeidade sensível situada na base destas experiências vividas, revelam fortes sentidos adversos de união entre os capoeiristas, ápice de uma realização de si, de uma ação livre e criativa, conduzida por uma dimensão desconhecida de si mesmo. Realizando uma incursão orientada pela busca de conexões possíveis entre elementos históricos, sociais, culturais e a matriz de sentidos estruturada pelas vivências evidenciadas na primeira etapa dos resultados, traça-se uma possibilidade de gênese histórica da capoeira que se revela neste entrecruzamento de sentidos