Resumo

O objetivo do presente estudo foi avaliar as associações das características da rede de amigos com o nível de atividade física habitual em escolares. Analisaram-se dados da linha de base do projeto de intervenção “Movimente”, realizado com adolescentes do 7º ao 9º ano do Ensino Fundamental de seis escolas públicas municipais de Florianópolis-SC. Participaram 643 adolescentes, com idade média de 13 anos. As variáveis de atividade física e rede de amigos (características estruturais e individuais) foram mensuradas por meio de questionários semiestruturados e validados para a população do estudo. Com relação ao nível de atividade física, os adolescentes foram categorizados em atendem (≥420 minutos/semana) ou não atendem (<420 minutos/semana) às recomendações de atividade física habitual. As métricas estruturais (quantidade de adolescentes, quantidade de relações de amizades citadas, densidade, densidade de relações recíprocas, coeficiente de agrupamento global, média de distância geodésica, diâmetro, números de componentes e tamanho do componente principal) e as métricas individuais (centralidade de grau, centralidade de intermediação, reciprocidade e homofilia por atividade física) da rede de amigos foram geradas para cada escola por meio do programa Gephi. Os dados foram exportados para o programa estatístico R, sendo realizada a análise descritiva (média e desvio padrão) das métricas da rede de amigos. Foi utilizada a regressão logística regressão logística para testar as associações entre as métricas individuais da rede de amigos e o nível de atividade física. A quantidade de relações de amizade citadas dentro das redes variou independentemente do tamanho da rede; mais da metade dos links são de ligações recíprocas. Todas as redes apresentaram baixos valores de densidade e centralidade de intermediação. Nas seis escolas, são poucos os adolescentes desconectados do grupo principal. O diâmetro das redes de amigos variou entre 7 e 16. A média da quantidade de relações de amizades variou de 6,5 até 16,4 entre as escolas, sendo metade dessas citações recebidas e a outra metade realizadas pelos adolescentes, sendo que as meninas obtiveram valores ligeiramente maiores de relações de amizades. Foram baixas as proporções de amizades com o mesmo nível de atividade física, variando de 5% a 11%. Em média, as meninas obtiveram uma quantidade maior de relações de amizades e, em ambos os sexos, a probabilidade de uma tríade de amizade foi superior a 40%. Explorando as associações das caraterísticas individuais da rede de amigos com a atividade física, observou-se que o número de amigos citados apresentou uma associação positiva com atividade física, e que o coeficiente de agrupamento local apresentou associação negativa. Conclui-se que o pertencimento a um grupo de amizades e a interação dos adolescentes estão associados à o nível de atividade física habitual.

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