Resumo
Durante a propulsão da cadeira de rodas manual, a articulação do cotovelo é exigida de forma constante e repetitivas vezes. Entender as adaptações morfológicas e funcionais dessas exigências mecânicas, possibilita conhecer as sobrecargas geradas no dia a dia. O objetivo desse estudo foi investigar se há adaptações morfológicas e de produção de torque dos flexores e extensores do cotovelo em usuários de cadeira de rodas manual nos membros dominante e não dominante. Participaram do estudo 12 cadeirantes, com deficiência física, com idade de 37,0 (±11,4) anos, estatura de 161 (±23,1) cm e massa corporal de 65,1 (±15,4) kg. A relação torqueângulo dos flexores e extensores do cotovelo foram avaliados em 0°, 30°, 60°, 90°, 120° e os parâmetros de torque isocinético (concêntrico-excêntrico) foram avaliados nas velocidades angulares de 60°/seg e 180°/seg. As avaliações de torque muscular foram realizadas no dinamômetro isocinético e as de espessura muscular e ecointensidade por ultrassonografia. Foram utilizados procedimentos estatísticos, descritivos e inferenciais. Os resultados apontaram que, nas relações torque-ângulo, não houve diferença entre os flexores (p=0,818) e extensores (p=0,480) do cotovelo entre os membros dominante e não dominante. Contudo, de forma isolada, houve diferença entre os ângulos para os flexores e extensores do cotovelo do membro dominante (p<0,001 e p<0,015) e não dominante (p<0,001 e p<0,004), sendo o maior pico de torque a 60° para os flexores e extensores do cotovelo. Para o torque concêntrico (p=0,821) e torque excêntrico (p=0,317) dos flexores do cotovelo, não houve diferença entre os membros dominante e não dominante, independente da velocidade, assim como não houve diferença no torque concêntrico (p=0,809) e torque excêntrico (p=0,805) dos extensores do cotovelo entre os membros. Para as razões convencionais e funcionais não houve diferença entre os membros e não foram observados desequilíbrios musculares para as razões convencionais, no entanto houve desequilíbrio muscular para as razões funcionais em ambas velocidades. Em relação aos valores de assimetria, o torque excêntrico dos flexores em 180°/seg apresentou valores de 12,33%, indicando assimetria no membro dominante. Nas demais velocidades e contrações avaliadas não houve assimetria. Em relação às avaliações morfológicas, não houve diferença na espessura muscular do bíceps braquial (p=0,849), braquiorradial (p=0,490) e tríceps braquial (p=0,393) entre os membros dominante e não dominante, igualmente, não houve diferença entre as medidas de ecointesidade do bíceps braquial (p=0,649), braquiorradial (p=0,809) e tríceps braquial (p=0,877) entre os membros. Os dados deste estudo indicam que possivelmente os músculos flexores e extensores do cotovelo dos usuários de cadeira de rodas manual tenham sofrido adaptações funcionais devido às demandas impostas pelas tarefas diárias e de propulsão na cadeira de rodas manual.