Resumo
A presença de um pé plano durante a primeira infância é extremamente freqüente e considerada como uma condição fisiológica normal, entretanto, necessita de esclarecimentos, pois é o maior causador de consultas em ortopedia pediátrica. Desta forma, esta pesquisa teve como objetivo principal avaliar o comportamento de características clínicas e biomecânicas dos pés de crianças com pés planos flexíveis e compará-las com crianças com pés normais. Além de verificar os efeitos da aplicação de um programa terapêutico profilático que estimulasse a formação de um arco neutro. Os sujeitos pesquisados totalizaram 26 crianças, de ambos os sexos, com média de idade igual a 4 anos e 8 meses, separados em um grupo com pés planos idiopáticos, composto por 17 crianças, e outro grupo com pés normais, composto por 9 crianças. A pesquisa caracterizou-se como do tipo descritiva – exploratória e experimental, e as coletas de dados foram desenvolvidas nas dependências físicas do Ginásio de uma Escola Estadual, onde os sujeitos estudavam. Quantos aos aspectos clínicos, todos os sujeitos foram considerados hipermóveis e encontrou-se uma correlação significante entre a presença dos pés planos e a postura em valgo dos tornozelos. A variável antropométrica, altura do navicular foi considerada menor no grupo de crianças com pés planos. A distribuição de pressão plantar, mensurada através do Sistema Emed, foi avaliada durante o movimento da caminhada e da corrida. Verificou-se que as crianças com pés planos apresentavam o índice do arco plantar maiores, assim como uma maior área de contato da região do mediopé medial e na menor região do mediopé lateral e antepé lateral. Quanto aos picos de pressão, estes foram menores sob o antepé lateral e maiores sob o hálux e 2º dedo. O grupo com pés planos apresentou também maiores cargas relativas sob mediopé medial, hálux, e 2º dedo e menores cargas sob o antepé lateral. Dividiram-se as crianças com pés planos em um grupo experimental e outro controle. Após 18 semanas de aplicação do programa ambos, evoluíram quanto à classificação clínica dos pés, em virtude do concomitante desenvolvimento físico e motor ocorrido, tendo em vista ainda a faixa etária e o fato de possuírem pés planos considerados fisiológicos. Em relação as variáveis da distribuição de pressão plantar, a maioria delas evoluiu aproximando-se dos valores encontrados nas crianças com pés normais. Os efeitos da aplicação do programa terapêutico profilático, nos sujeitos com pés planos do grupo experimental, apesar de não serem representados claramente em todas as variáveis biomecânicas, vão além da estatística meramente quantitativa. Ressalta-se a importância da proposta do programa, bem como o desenvolvimento de estudos intervencionistas que proporcionem uma oportunidade similar.