Resumo

Introdução e objectivos: O Andebol tem vindo a registar uma evo-lução cada vez maior do contra-ataque, enquanto método de jogo ofensivo, no que concerne à frequência com que é utiliza-do e à sua eficácia. Tal facto tem contribuído para um jogo mais rápido, consubstanciado num maior número de sequências ofensivas, de remates e de golos por jogo, observados nas principais competições mundiais realizadas na última década. A utilização deste método de jogo e a sua eficácia é considerado um indicador de rendimento no Andebol, tendo sido estudado por diferentes autores (Garcia, 1994; Spate, 1994; Seco, 1999; Mocsai, 2002; Cardoso, 2004; Jorge, 2004). No presente estu-do, pretende-se verificar como se processa o contra-ataque nas equipas classificadas nos sete primeiros lugares do CE 2002 e que condutas e comportamentos estão ligados à utilização, com êxito, deste método de jogo. Material e métodos:No desenvolvimento do estudo foi utilizada a Metodologia Observacional, com recurso à análise sequencial retrospectiva. A amostra utilizada integra 306 sequências ofen-sivas, nas quais se verificou a utilização do contra-ataque enquanto método de jogo ofensivo, realizadas pelas equipas classificadas nos sete primeiros lugares do CE 2002. Principais resultados e conclusões:De acordo com os resultados obtidos, podemos concluir que as referidas sequências ofensi-vas apresentaram as seguintes características: (1) Foi durante a 1ªparte dos jogos que ocorreu a maioria das sequências (52%), tendo o período de jogo entre os 20’ e os 30’ registado a maior frequência e o período entre os 50’ e os 60’ a menor; (2) a sua maioria desenrolou-se numa situação de jogo em igualdade 6x6 (69,9%) e numa situação de superioridade numérica 6x5 (20,95%); (3) o modo de recuperação da bola, que antecedeu o início das sequências ofensivas com contra-ataque, teve lugar, maioritariamente, através dos jogadores de campo (valor ≥ que 52,8%), sendo de 87,5% no caso em que as equipas que o uti-lizavam se encontravam em inferioridade numérica; (4)a eficá-cia no contra-ataque, nas situações de igualdade 6x6, foi maior quando a recuperação da bola foi efectuada pelo guarda-redes, sem este ter efectuado a defesa da bola (38,9%) e quando esta foi recuperada pelos jogadores de campo, sem ressalto defensi-vo (37,8%). Registou-se uma eficácia inferior aquando da recu-peração da bola pelo guarda - redes após defesa (27,3%);(5)nas situações de jogo em superioridade 6x5, a eficácia foi maior quando a bola foi recuperada pelos jogadores de campo, sem ressalto defensivo (46,2%) e pelo guarda-redes após defesa (41,7%), sendo menor na recuperação da bola pelos jogadores de campo com ressalto (25%); (6) nas situações de jogo em inferioridade 5x6, todas as recuperações da bola foram efectua-das pelos jogadores de campo, tendo sido registada a maior efi-cácia para as sequências de recuperação da bola pelos jogadores de campo sem ressalto defensivo (44,4%); (7) a larga maioria dos contra-ataques inicia-se com um passe curto (69,9%), sendo o drible utilizado em 18,6% das vezes e o passe longo apenas em 6,9%; e (8) as sequências ofensivas com contra-ata-que iniciadas através do drible ou através de passe curto foram as que se revelaram menos eficazes (eficácia de 35,1% e 32,2%, respectivamente). As mais eficazes são as que utilizam, como modo de início do contra - ataque, o passe longo (57,1%); (9) a falta sofrida por um atacante revelou-se a primeira causa de interrupção do contra-ataque (37,7%); (10) a recuperação da bola pelos jogadores de campo, após ressalto e sem ressalto, é excitatória da utilização do drible como modo de desencadea-mento do contra-ataque. Por sua vez, a recuperação da bola pelo guarda-redes, com e sem defesa, é excitatória da ocorrên-cia de um passe curto como modo de início do contra-ataque; e (11) o drible revelou-se uma conduta excitatória de falta sofri-da, dado que é a acção que com maior frequência antecede uma interrupção do jogo através de falta.