Resumo

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença reumática autoimune que leva a uma resposta inflamatória sistêmica exacerbada. Quando a doença está em atividade elevada, a pulsoterapia com glicocorticóides (PTGC) é uma estratégia farmacológica com importantes benefícios clínicos, mas que não é livre de efeitos colaterais, podendo afetar negativamente o sistema musculoesquelético. A literatura sobre o tema é bastante escassa, e pouco se sabe sobre o impacto da PTGC de alta dose sobre a aptidão cardiorrespiratória, força muscular e capacidade funcional em pessoas com LES ativo.

Objetivo: Investigar a aptidão cardiorrespiratória, força muscular e capacidade funcional em um grupo de mulheres com LES em estado grave submetidas a PTGC. 

Métodos: Este estudo transversal e exploratório está inserido no projeto ENRG (Exercise and Nutrition Recommendations for Patients taking Glucocorticoids). A amostra é composta por mulheres não menopausadas, com idade entre 18 e 45 anos, que preencham os critérios do SLICC para o diagnóstico de LES e estejam em tratamento com PTGC. A aptidão cardiorrespiratória foi avaliada por meio de ergoespirometria em esteira, a força muscular (1RM) na cadeira extensora e supino reto, e a funcionalidade a partir de testes funcionais como sentar e levantar da cadeira de 30”, Time up and Go (TUG) e força de preensão palmar (Hand Grip).

Resultados: Vinte pacientes participaram do estudo (32 ± 8 anos, IMC: 24,3 ± 5,6 kg/m2). Com base no IPAQ, o nível de atividade física das pacientes foi classificado como “baixo” em 9 (45%), “moderado” em 7 (35%) e “alto” em 4 (20%) participantes. A avaliação da atividade do LES pelo SLEDAI-2K apresentou média de 8,6 ± 4,9, e a dose média de PTGC foi de 1.612 ± 805 mg de metilprednisolona. A maioria das participantes apresentou baixa aptidão cardiorrespiratória, com 40% delas classificadas abaixo do percentil 10, 75% abaixo do percentil 25 e 95% abaixo do percentil 50, indicando uma distribuição reduzida dos escores no teste de VO2máx na população estudada. Além da redução na força de preensão palmar em 83,3% das pacientes de acordo com o percentil para a idade. (ver Tabela 1).

Conclusão: Os resultados iniciais deste estudo indicam que mulheres com LES em estado grave submetidas à PTGC apresentam baixa aptidão cardiorrespiratória e redução na força de preensão palmar, o que pode impactar negativamente a saúde geral e bem-estar destas pacientes. Esses achados são parte importante da caracterização mais ampla da aptidão física, composição corporal, alimentação e atitudes em relação à atividade física nessa população. Em conjunto, os resultados serão usados para fornecer recomendações sobre atividade física mais direcionadas e específicas para essa população.