Resumo

A relação entre atletas adversários componentes de uma díade podem fornecer informações importantes a respeito do desempenho e interação entre as equipes. Dessa forma, o objetivo deste estudo foi caracterizar a interação entre os adversários mais próximos durante partidas oficiais de futebol em diferentes níveis de competição. Especificamente, buscou-se analisar a magnitude dessa distância nas sequências ofensivas concluídas em finalização ao gol (FN) ou desarme (DS), bem como o padrão de coordenação interpessoal entre os jogadores adversários componentes das díades. Para isso foram registradas imagens de oito jogos profissionais de futebol (quatro de nível nacional e quatro regionais). As informações de posição dos jogadores e ações técnicas foram obtidas através do software DVideo. A distância euclidiana entre dois adversários mais próximos foi calculada em função do tempo. Os padrões de coordenação interpessoal foram analisados através da técnica vector coding e as frequências relativas de coordenação classificadas em "antifase", "fase", "fase do jogador defensivo", e "fase do jogador ofensivo". Os valores de distância entre os atletas de diferentes posições, períodos das partidas, nível de competição e os percentuais de permanência em diferentes padrões de coordenação foram comparados através da análise de variância (ANOVA) seguida pelo post hoc de Tukey. A distância mínima, máxima, amplitude e no momento de FN e DS foram comparadas pelo teste Wilcoxon ranksum. O teste de correlação de Spearman avaliou a relação entre os valores de distância dos atletas e o número de DS, FN, passes e posse de bola. A estatística circular foi utilizada para retornar o ângulo médio e dispersão angular do ângulo de acoplamento das díades, sendo aplicado o teste de Mann-Whitney para comparar os valores. Foram encontrados valores menores de distância entre adversários em partidas de nível nacional. Os períodos 75 e 90 min apresentaram maior distância entre atletas frente aos demais períodos. Correlações significativas ocorreram entre a distância e o número de DS (r = - 0,64), passes certos (r = 0,53) e passes errados (r = - 0,36) dos adversários. Nas sequências ofensivas o padrão antifase foi menos frequente que os outros em todas as situações e a relação em fase teve maior permanência. Sequências concluídas em FN apresentaram menor dispersão angular e percentual inferior em fase no deslocamento lateral. Os achados demonstram que o nível de proximidade é maior em uma competição mais exigente, mas essa relação é afetada pelo decorrer da partida. Além disso, sugere que se manter próximo ao adversário pode aumentar as chances de sucesso defensivo, bem como preservar a relação em fase com oponente.

Acessar Arquivo