Resumo

Este estudo objetivou investigar o desempenho escolar da leitura, da escrita e a lateralidade geral e especifica de escolares matriculados no terceiro ano dos anos iniciais do ensino fundamental de cinco escolas básicas municipais da cidade de Florianópolis/SC. Os participantes da pesquisa foram 166 crianças, com idades entre 8 e 9 anos (idade média 8,7), sendo 45,8% (76) meninos e 54,2% (90) meninas. Para coleta dos dados foram utilizados dois instrumentos de medida: Manual de Desempenho Escolar – Análise da Leitura e Escrita em Séries Iniciais do Ensino Fundamental – MDE (ROSA NETO, SANTOS, TORO, 2010) e a Escala de Desenvolvimento Motor – EDM (Rosa Neto, 2002). Para análise e interpretação dos dados foram utilizados os programas Excel e SPSS for Windows 17.0. A análise descritiva dos dados do desempenho na leitura, escrita e da lateralidade, foi realizada mediante média, variância, desvio-padrão, valor mínimo e valor máximo, freqüências simples e percentuais. Quanto a análise estatística, com o intuito de comparar a média geral no MDE entre as crianças com lateralidade destra completa e as crianças com lateralidade cruzada, foram criados 2 grupos para o estudo comparativo. Grupo 1 (G1), formado por 44 crianças com lateralidade destra, composta de 22 meninos e 22 meninas e o grupo 2 (G2), também constituído de 44 alunos com lateralidade cruzada, formado por 22 meninos e 22 meninas. Sendo assim, a análise inferencial do estudo comparativo, foi utilizado o Teste t para amostras independentes, quando os dados se mostraram simétricos e o teste de Mann-Whitney, para os dados assimétricos. Utilizou-se o teste de Shapiro-Wilk para verificar a distribuição dos dados (p=0,05). Verificou-se que os participantes apresentaram uma pontuação média de 74,53% de acertos no desempenho geral no MDE, na leitura foi de 78,31% e na escrita mostrou a pontuação mais baixa, 70,57%. Quanto ao gênero, as meninas obtiveram melhor desempenho no MDE do que os meninos. Referente à lateralidade dos escolares, constatou-se que a maioria, 57,8% (n=96) da amostra apresentou lateralidade “destra completa” e 33,1% (n=55) foi identificada com lateralidade “cruzada”, um pequeno numero 6,2% (n=11) mostrou lateralidade “indefinida” e somente 2,4% (n=4) eram “sinistros completos”. Sendo assim, os dados obtidos na pesquisa mostraram, de acordo com a pontuação média geral do MDE, que os alunos que apresentavam dominância lateral completa, ou seja, “destros completos” e “sinistros completos” obtiveram desempenho melhor nos testes de leitura e escrita do MDE. Na análise comparativa realizada entre os dois grupos do estudo, G1 (lateralidade destra completa) e G2 (lateralidade cruzada), verificou-se que a menor média encontrada foi na pontuação da escrita de G2, portanto, houve diferença estatisticamente significativa na pontuação desta habilidade. Já os resultados para a pontuação na leitura e para pontuação geral no MDE não foram constatados diferença significativa em relação a estas duas variáveis, de um grupo para o outro. Com base no significativo número, 39,75% (n=66) de escolares, identificados com lateralidade discordante (cruzada e indefinida), sugere-se a realização de estudos profundos, pois, os fatores de risco para disfunções de lateralidade ainda precisam ser mais explorados no meio cientifico.