Resumo

Introdução: A fadiga acumulada ou recuperação incompleta, pode influênciar o desempenho fisico e esportivo de atletas. Jovens atletas são submetidos a programas de treinamento muito semelhantes aos adultos, tornando-se assim importante a investigação acerca do impacto da carga de treinamento tanto no desempenho físico como no bem-estar desses jogadores. Objetivo: Examinar o efeito da carga acumulada de treinamento nas respostas de desempenho neuromuscular, percepção de recuperação e bem-estar de jovens jogadores de basquetebol, durante três dias consecutivos de treinamento. Métodos: Foram monitorados 12 atletas de uma equipe de basquetebol participante do Campeonato Paulista da Categoria Sub-15. Para a quantificação e descrição da carga externa de treinamento (CET), utilizou-se o número de acelerações (AC) e impactos (IM) durante as sessões de treino, determinados pelo dispositivo de GPS com acelerômetro tri-axial de 100 Hz acoplado (SPI Elite, GPSports, Canberra, Austrália). A carga interna de treinamento (CIT) foi quantificada partir dos impulsos de treinamento (TRIMP). Antes (PRÉ) e após (PÓS) cada sessão de treino, os jogadores realizaram um teste de salto vertical com contra movimento (CMJ) para a quantificação do desempenho físico. A recuperação dos atletas foi avaliada pelo questionário de Qualidade Total de Recuperação (TQR) e o bem-estar foi avaliado pelo questionário de Bem Estar (WB), preenchidos antes de cada sessão de treinamento. O efeito das sessões de treinamento sobre as variáveis de desempenho (CMJ), recuperação e bem-estar (TQR e WB) foi analisado pelo cálculo do tamanho do efeito (TE), considerando os valores de >0,20, 0,20–0,49, 0,50–0,79 e ≥ 0,80 para representar as diferenças trivial, pequenas, médias, e grandes, respectivamente (Cohen, 1998). Resultados: Durante os três dias, foi observado 60 acelerações (AC) totais e 1002 impactos (IM) totais. A carga interna (CIT) acumulada ao longo dos três dias foi de 593 U.A. Para o CMJ foram observados tamanho de efeito trivial entre as sessões 1 e 2 (34,3±4,9 vs. 35,1±3,8; TE= 0,18) assim como para sessão 1 e 3 (34,3± 4,9 vs. 34,4±4,4; TE=0,02).). A TQR apresentou um efeito pequeno entre as sessões 1 e 2 (14±2,2 vs 13,3±1,6; TE= -0,36) 1 e 3 (14±2,2 vs 13,5±1,4; TE= -0,13). Um efeito de magnitude moderada foi observado para o WB entre as sessões 1 e 2 (19,5 ± 2,5 vs 18±1,6; TE = -0,70) e 1 e 3 (19,5±2,5 vs 17,7±3,7; TE= -0,60) CIT.  Conclusão: Os resultados sugerem que sessões consecutivas de treinamento podem afetar o bem-estar assim como a capacidade de recuperação em jovens atletas de basquetebol mesmo que os tamanhos de efeito observado nessas variáveis tenham sido moderado (WB) e pequeno (TQR). Dessa forma, ressalta-se a necessidade de monitoramento nas cargas de treino, qualidade de recuperação e bem-estar para evitar adaptações indesejadas nesses atletas.

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