Resumo
Este estudo buscou empreender uma cartografia das aulas de Educação Física Escolar, reconhecendo nos jogos cooperativos um meio para contrapor a lógica competitiva que rege o ensino das práticas corporais e que condiciona esta disciplina a uma relação subserviente ao Esporte. Também para fomentar outros sentidos à experiência corporal e invocar princípios éticos com os quais não se regule os comportamentos dos corpos, mas, sim, explicitem as diferentes necessidades do outro, do diferente que habita cada um. A parte empírica da pesquisa foi desenvolvida como parte da proposta de intervenção dos estagiários da área de Educação Física inscritos no programa PIBID/UFPR, e responsáveis pelo ensino do respectivo conteúdo junto às turmas do 9° ano da escola onde atuo como professor e supervisor do Programa. Ao sustentar este estudo na filosofia da diferença de Gilles Deleuze (1988) e, mais especificamente, nos princípios do rizoma propostos pela filosofia deste em conjunto com Felix Guattari (1995), novos elementos emergiram para problematizar o ensino dos jogos cooperativos e reconhecer o potencial educativo presente em cada jogo proposto. Os jogos cooperativos foram compreendidos como ferramenta didático-pedagógica que permite operar linhas de fuga numa prática que libera potencialidades de um corpo intenso, e não extenso, como alguém que possui, numa visão deleuziana e guattariana, um corpo sem órgãos. O estudo permite afirmar que nas aulas de Educação Física, por meio do ensino dos jogos cooperativos, é possível gerar novas formas de alunos(as) se relacionarem com o conhecimento e, até mesmo, reconfigurarem a cultura das aulas de Educação Física.