Cem Anos com Barreiras. Não Foi Fácil Para as Mulheres Conquistar o Direito de Subir Ao Pódio e Comemorar Suas Vitórias Esportivas
Por Cláudia Farias (Autor).
Resumo
A estimativa do Comitê Olímpico Brasileiro para o número de brasileiras nos Jogos Pan-Americanos do Rio, em julho, é de 310 atletas. Será o maior número desde a primeira edição da competição, em 1951, realizada em Buenos Aires. Mas se hoje a participação feminina nas competições esportivas é incontestável, nem sempre foi assim. O barão de Coubertin (1863-1937) – idealizador das Olimpíadas da era moderna e presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI) de 1896 a 1925 – defendia, de forma contundente, a exclusão das mulheres da competição. Em seu tratado Princípios filosóficos do olimpismo moderno (1936), ele afirmava: “Não aprovo a participação das mulheres em competições públicas. Isto não significa que elas devam se abster de praticar esportes, mas não devem dar espetáculo. Nos Jogos Olímpicos, seu papel deveria ser, sobretudo, como nos antigos torneios, o de coroar os vencedores”.
Apesar das manifestações contrárias do barão e das interdições impostas pelo COI – que lhes negava inclusive o direito de subir ao pódio –, as mulheres lentamente superaram preconceitos. Toleradas em alguns esportes, como tênis, patinação e tiro com arco, elas foram conquistando cada vez mais espaços num território destinado às honras e virtudes masculinas. Pressionado pelo avanço do movimento feminista no campo esportivo, Pierre de Coubertin renunciou à presidência do COI em 1925. Três anos depois, nos Jogos de Amsterdã, as provas de atletismo – consideradas impróprias para o “sexo frágil” – foram incluídas no programa olímpico, para desespero do barão.