Charmosas e belas dentro do campo: não é para isso que eu estou jogando futebol (Márcia Tafarel)
Parte de As pioneiras do futebol pedem passagem: conhecer para reconhecer . páginas 62 - 77
Resumo
A história do futebol de mulheres em nosso país é atravessada por uma série de impedimentos, alguns oficializados pelas entidades gestoras do esporte, outros não. Se aqueles que foram explícitos na documentação por mais de quatro décadas provocaram o atraso do desenvolvimento da modalidade, os velados, que ainda persistem em existir, destruíram sonhos e marcaram de forma profunda a vida de muitas atletas. Márcia Tafarel, que começou a jogar bola na infância e alcançou o topo da carreira representando o Brasil em Mundiais e Jogos Olímpicos, vivenciou várias situações nas quais os impedimentos não oficializados fizeram com que repensasse sua carreira. Um episódio específico marca sua história: a impossibilidade de participar do Campeonato Paulista de 2001 que, nessa edição, foi direcionada “somente para meninas de 16 a 23 anos”. Mesmo já tendo organizado vários campeonatos, a Federação Paulista de Futebol (FPF) decidiu dar uma nova roupagem à modalidade, unindo a imagem do futebol à feminilidade, conforme declarou o então presidente Eduardo Farah. Essa ideia tinha como finalidade uma maior comercialização do futebol praticado pelas mulheres e, para tanto, recorreu à sexualização das jogadoras.