Resumo
O ciclismo é uma modalidade olímpica composta por provas com diferentes solicitações biomotoras, exigindo um estudo particular e aprofundado de cada uma. Nos últimos anos as bicicletas de competição passaram por grande evolução tecnológica, sendo constituídas de materiais leves e resistentes, importantes para o aumento do rendimento desportivo, porém apenas a facilidade de acesso a esses recursos, por si só não garante o sucesso competitivo. Existem questões fundamentais relacionadas a eficiência de um sistema de preparação do desportista que estão relacionadas ao controle da carga de treinamento, tomando necessário estabelecer parâmetros a partir dos quais os estímulos possam ser efetivos. O presente estudo teve como objetivo apresentar uma proposta do controle de exercícios especiais para dois ciclistas velocistas de alto nível. Dois ciclistas masculinos (idades 29 e 25 anos) de nível internacional (Panamericano) foram avaliados em três momentos distintos de um macrociclo, início e fim do período de preparação e fim do período competitivo, totalizando 11 semanas de duração. Considerou-se a força média (N) aplicada e a cadência média (rpm) de pedalada na distância de 200m, percorrida em formato competitivo para orientar as zonas de intensidade. As zonas foram classificadas em percentuais da cadência do exercício competitivo (COMP): 110%, velocidade supra máxima (SM); 90%, velocidade quase máxima (VM); 85%, resistência de velocidade (R V); de 45 a 50%, resistência de força especial III (RFE III); 50 e 60% resistência de força especial II (RFE II) e 60 e 70%, resistência de força especial I (RFE I). No caso dos esforços RFE I, RFE II e RFE III, foram realizados respectivamente em rampas com inclinações de 2,04; 4,44 e 7,54%, para assegurar que com a diminuição da cadência a força aplicada fosse superoior a força do exercício competitivo; nas demais situações os esforços foram realizados em um velódromo com dimensões oficiais. Os ciclistas usaram suas próprias bicicletas de competição equipadas com um pedivela instrumentado para medir a força aplicada e a cadência. O teste de Kruskal-Wallis revelou não haver diferenças na força aplicada em cada zona proposta nos diferentes momentos de avaliação dos ciclistas (p < 0,05). Os dados revelam que a força média aplicada está diretamente relacionada à massa corporal, frequência de pedalada e percentual de inclinação das rampas. Portanto, o controle do volume e da intensidade dos exercícios de preparação física especial podem ser calculados conforme as zonas propostas, visando entender a relação entre os diferentes componentes de treinamento nos diferentes momentos da preparação. Espera-se que a partir da relação entre a dinâmica da carga de treinamento e da dinâmica dos diferentes marcadores funcionais, possa-se inferir sobre a eficácia ou as limitações do processo de treinamento.