Resumo

O presente artigo pretende analisar a conjuntura da Independência do Brasil enquanto uma tentativa de implantar novas idéias e práticas políticas quanto ao relacionamento do indivíduo e da sociedade com o Estado, tendo como fontes principais os escritos de circunstância, ou seja, os periódicos e os panfletos políticos. Nesse sentido, tais novidades poderiam ter resultado na constituição de uma autêntica esfera pública de poder, mas acabaram limitadas e reorientadas em função das circunstâncias da época, impedindo que se criasse uma verdadeira noção de cidadania no país. Verifica-se, portanto, que cidadania e participação política em uma esfera verdadeiramente pública de poder são processos de construção lenta, ainda mais em países como o Brasil, envolvido desde seus inícios pela exclusão que a grande propriedade e a escravidão asseguraram.