Resumo


O ensaio procura discutir o posicionamento das chamadas disciplinas científicas na grade curricular dos Institutos Superiores de Educação Física, assim como as atitudes dos professores responsáveis por estas disciplinas. Procura-se demonstrar que, da forma como são organizadas e ministradas, tais disciplinas colaboram com o desenvolvimento de uma postura "cientificista"na interpretação da realidade, o que limita as possibilidades de análise dos movimento humano. Além disso, sugere-se que a hipervalorização do conhecimento científico é frequentemente acompanhado de dificuldades para transpô-lo às situações pedagógicas. Finalmente, propõe-se que o pensamento científico não é a única via para a interpretação da realidade, e que outras formas de análise e abordagens podem ser trabalhadas com o estudante, durante sua formação. Para tal, sugere-se que o formador deva assumir o papel de um "decodificador", capaz de estabelecer limitações precisas à contribuição de sua disciplina e ao poder da ciência em geral. Idealmente, o professor deveria também tentar expor sua atitude mental frente à disciplina, atitude que o leva a apresentar este o aquele conteúdo, levando em conta o contexto profissional que dá sentido à sua função. Tais práticas consistiriam na primeira etapa da construção de uma ética profissional e acadêmica, cuja tônica principal seria a interrogação permanente da inteligibilidade dominante.

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