Resumo

O processo de envelhecimento é acompanhado de diversas modificações negativas morfofuncionais, dentre essas a redução acentuada da força muscular (FM), massa muscular (MM) e densidade mineral óssea (DMO). Níveis reduzidos desses componentes possuem relação com uma menor capacidade funcional, maior risco de quedas e fraturas, pior condição em indicadores do estado geral de saúde e, por consequência, razão de risco de morte aumentada. Estima-se que, por década, em indivíduos idosos inativos, a redução da FM, da MM e da DMO seja em torno de 15%, 10% e 10%, respectivamente. Um possível meio eficaz para atenuar essas modificações é a prática do treinamento resistido (TR), indicado também por ser seguro, de baixo custo e não farmacológico. Entretanto, a literatura sobre essa temática não apresenta nenhum dado acerca do efeito da prática do TR em longos prazos, o que impossibilita confirmar se o TR realmente atenua ou reverte os efeitos negativos do envelhecimento. Assim, o objetivo deste estudo foi analisar o efeito do TR sobre a força e massa muscular, densidade e conteúdo mineral ósseo (CMO) em mulheres idosas após cinco anos no Projeto Envelhecimento Ativo/Londrina-PR. Deste projeto, que ocorreu com períodos intermitentes de treino e destreino, foram selecionadas 10 mulheres idosas (67 ± 6,8 [mín.: 61, máx.: 83] anos; 61 ± 8,1 kg; 155 ± 6,0 cm; 25 ± 3,2 km/m-2) que entraram no ano de 2012 e continuaram até 2016. A FM foi testada nos exercícios supino vertical, cadeira extensora e rosca Scott, enquanto a MM de membros superiores (MMS) e inferiores (MMI), o CMO e a DMO foram estimados pela absortometria radiológica de dupla energia. Após o período de intervenção, foi observado aumento significativo (P < 0,001) da FM no supino vertica na rosca Scott (pré = 17, redução na MMS (P -5,3%) e no CMO (P -3,8%), porém sem alterações significativas na MMI (P = 0,055; -2,6%) e na DMO (P -0,1%). Os resultados apontam que a prática de TR pode reverter/atenuar os efeitos deletérios associados ao envelhecimento, sobretudo no tecido muscular e ósseo, com destaque para os aumentos expressivos na FM, manutenção na MMI e DMO e reduções de pequena magnitude na MMS e no CMO.

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