Resumo

Neste estudo do tipo etnográfico investiguei como se dá o processo de ensinoaprendizagem da arte circense nas oficinas oferecidas pelo Circo Girassol na cidade de Porto Alegre-RS durante os anos de 2004 e 2005, onde participei de reuniões, festas, treinos, ensaios, eventos, aulas, performances, espetáculos, entre outros. Apresento alguns pontos importantes deste trabalho: a minha aproximação afetiva e profissional com o tema de estudo; a possibilidade de refletir sobre as transformações históricas do fenômeno Circo; os caminhos investigativos; o conhecimento do Circo Girassol e suas práticas que, a partir de uma descrição densa, é mostrado no seu processo de construção; o cotidiano dos artistas nas atividades circenses; a dinâmica do grupo; destacando o processo de ensino da arte circense nas oficinas ministradas pelos artistas-professores. Analisei as seguintes categorias que emergiram do campo, a saber: professores e alunos no processo de ensino-aprendizagem: ‘o que’ e ‘como’ é compartilhado o saber circense; a construção de um movimento corporal virtuoso e performático; treinamento, dor e sacrifício: o silenciamento do lúdico. Pensando o corpo a partir de referenciais culturais e históricos e a educação como um processo dialógico, considero que a prática pedagógica da arte circense no Circo Girassol se aproxima da prática da ginástica tradicional, para isso utiliza-se de alguns aspectos referentes ao treinamento físico; busca a construção de corpo e movimento nos moldes do Circo Contemporâneo, ou seja, uma estética de corpo reto, alinhado, com movimentos ‘limpos’, verticalizados em direção a um modelo padronizado tido como correto. Com uma prática docente de demonstração dos exercícios e o ensino centralizado no professor, inviabiliza uma proposta de educação pelo diálogo, reflexiva e lúdica.

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