Resumo

Esta pesquisa nasceu de meu desejo em tentar investigar, de modo mais acentuado, as sexualidades esportivas de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros com a chamada "masculinidade hegemônica" nos esportes. Para tanto, e por questões de delimitação teórico-metodológica, escolhi analisar as práticas sociais e simbólicas de "atletas gays" e suas negociações no tocante a tal temática, em torneios esportivos específicos. Assim, meu objetivo era refletir sobre a materialização de corpos e a produção de subjetividades destes sujeitos, articuladas com as construções sociais e discursivas de masculinidade nas competições esportivas LGBT. Utilizando-me de pressupostos da antropologia multisituada, desenvolvi trabalho de campo em três cidades-sedes dos jogos (Copenhague, Colônia e Vancouver), em momentos distintos do período doutoral regulamentar. Entrevistas, conversas, treinamentos, redes sociais, as próprias observações participantes nestas competições, levaram-me a eleição de dezoito tópicos temáticos, que se entrecruzaram e se interseccionalizaram numa escrita hipertextual. O texto é labiríntico, rizomático e se outorga o direito de não ter início, meio ou fim. Como considerações finais-chave da etnografia exploro as seguintes indagações: a) as práticas esportivas queer (dissonantes e subversivas) proporiam um novo modelo de esporte?; b) a busca pela participação internacional em competições esportivas LGBT seria parte de uma estratégia de circulação global de corpos e "capitais ejaculantes" de sujeitos participantes?; c) a relação esporte-festa-sexo, componente constituinte das contendas, corrobora com a hipótese de vivermos uma nova era no capitalismo contemporâneo, notadamente farmacopornográfica?.

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