Resumo

Neste trabalho foram investigados aspectos relacionados à classe especial para deficiente mental (CEDM) incluindo seus objetivos, condições de abertura e funcionamento, características da clientela escolar, fontes e motivos de encaminhamento da criança e os dados contidos nos Relatórios de Avaliação Psicológica dessas crianças. O material analisado derivou-se basicamente de três fontes a saber: informações obtidas através de entrevistas com diretores de escolas, professores e coordenador das CEDM da cidade de Ribeirão Preto; de um formulário respondido pelos pais das crianças que freqüentam essas classes, dos Relatórios de Avaliação Psicológica dessas crianças. Os Roteiros de Entrevista e o formulário foram elaborados especialmente para este trabalho, as entrevistas foram gravadas com posterior transcrição. Os dados obtidos a partir das informações levantadas nas entrevistas mostraram os seguintes resultados quanto aos objetivos das classes especiais, de tal forma que professores as consideram primarimente com a função de integrar a criança em classe regular. Para os diretores, tais classes teriam como objetivo a recuperação das crianças que não acompanham aquelas consideradas normais. O coordenador vê o objetivo como a integração da criança na sociedade. As providências para abertura das classes especiais mais consideradas pelos diretores foram: apresentação da lista dos possíveis candidatos, verificação da existência de espaço disponível na escola e disponibilidade de professor especializado. A existência de crianças que não alcançam o nível regular de aprendizagem foi o motivo mais considerado pelos diretores para a abertura dessas classes. De acordo com professores, diretores e coordenador, é o laudo psicológico o critério para entrada da criança na classe especial; o critério que regulamenta a permanência da criança na classe especial mais considerado é o da idade máxima de 14 anos, com tempo de permanência nesta classe variável de menos de 1 mês até 8 anos. O número de vagas, de acordo com o coordenador, varia entre o mínimo de 10 e o máximo de 15 alunos; de acordo com as considerações dos professores, os principais fatores que levam à existência das vagas são a promoção para classe regular, o encaminhamento para curso profissionalizante ou APAE, a mudança de bairro ou de cidade, e a desistência em função da idade limite. Existe uma programação oficial proposta, sem contudo a obrigatoriedade de ser seguida e que foi considerada adequada pelos próprios professores e coordenador. Professores e coordenador mostraram diversidade de opinião acerca do ambiente físico onde funcionam essas classes. Segundo os próprios professores e o coordenador a formação dos professores que lecionam nestas classes está de acordo com o que é legalmente exigido; a oportunidade de ter feito Especialização em Deficiência Mental foi o fator determinante do trabalho dos professores junto a essas classes. Os resultados obtidos a partir das informações fornecidas pelos pais mostram que as crianças freqüentando classes especiais são predominantemente do sexo masculino, de nível sócio-econômico baixo e médio baixo, com idades concentradas no intervalo de 8 a 11 anos, mas encontrando-se também crianças com até 15 anos de idade. A maioria delas freqüentou pré-escola e iniciou a escolarização em classe regular, com permanência média de 1 a 3 anos nessas classes. O agente que mais encaminha as crianças para as classes especiais é o professor de classe regular, sendo o motivo mais considerado a dificuldade de aprendizagem Relatórios de Avaliação Psicológica existiam em 78,75 % dos alunos de classe especial estudados nesta pesquisa. A análise dos mesmos mostrou que não existe um padrão consensual entre os psicólogos para a realização das avaliações e apresentação dos resultados. São variados o tipo de técnica empregada e o número de testes, sendo que destes os mais utilizados são os de avaliação de nível intelectual. Os psicólogos encaminham as crianças com base nos resultados dos testes. Uma pequena porcentagem de relatórios (25,39%) apresentam valores de QI que se concentram entre 60 e 80; grande parte dos Relatórios não indica o tipo de classe que a criança deverá freqüentar e em aproximadamente metade dos Relatórios não há qualquer orientação ao professor para auxílio no seu trabalho. Do exposto, depreende-se que o presente trabalho permitiu o conhecimento de aspectos considerados relevantes acerca da realidade das classes especiais para deficientes mentais da cidade de Ribeirão Preto.

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