Resumo

O Governo Federal tem estipulado metas para o Brasil de posição no quadro de medalhas dos Jogos Olímpicos (JOs) e Paralímpicos (JPs), sendo desafiador aos gestores decidir sobre a implementação de políticas e ações, considerando o rol de esportes que compõem os programas de competição e as limitações de incentivos e recursos financeiros. O diagnóstico do impacto desses esportes sobre os países, para alcance das primeiras colocações, pode contribuir para tomadas de decisão, sendo possível por meio da análise de agrupamentos. Tal abordagem pode apresentar algumas vantagens, tais como comparar práticas, avaliar a situação e identificar oportunidades de mudanças; e verificar a existência de comportamentos semelhantes entre observações, podendo revelar relações que não é possível de forma individual. O presente estudo pretendeu caracterizar e classificar grupos de esportes dos programas dos JOs e JPs de verão, como suporte à tomada de decisão, visando à entrada e permanência do Brasil no conjunto de países mais bem colocados nessas competições. Para formação dos grupos, utilizou-se uma técnica multivariada, não-supervisionada de aprendizagem de máquina, conhecida como análise de agrupamentos, com aplicação de esquemas de aglomeração hierárquico, não hierárquico e híbrido, por meio da linguagem de programação “R” (versão 4.0.5), no aplicativo de ambiente “RStudio” (versão 1.4.1106). Para a definição das variáveis de agrupamento e caracterização e classificação dos conglomerados, utilizou-se recursos da estatística descritiva, com emprego de dados, relacionados aos resultados dos JOs e JPs Tóquio 2020 (realizados em 2021), coletados nos sítios eletrônicos dos comitês Olímpico e Paralímpico internacionais. Resultados apontaram a formação de quatro grupos de esportes do JOs e três grupos do JPs, contendo características, graus de importância, concorrência e barreiras de entrada entre as nações TOP 10 e TOP 5, possibilitando averiguar comportamentos nos grupos e sugerir intervenções. Apesar da relevância dos grupos de esportes em que o Brasil apresentou mais vantagem competitiva, propõe-se estímulos com a priorização de determinados grupos, para o curto/médio e longo prazos, uma vez que um desempenho mais equilibrado nos conglomerados parece ser mais adequado para sustentar a posição do País. Tendo em vista que o setor esportivo brasileiro é composto e impactado por agentes, tanto do setor público quanto privado, sugere-se que a implementação das políticas e ações seja alinhada e compartilhada entre os “stakeholders”, visando evitar a sobreposição de ações e para que cada um contribua de acordo com sua finalidade e capacidade. Embora uma técnica não-supervisionada, sugere-se adaptar a análise de agrupamentos para monitoramento do desempenho do Brasil e de países adversários, entre grupos, durante ciclos olímpicos e paralímpicos.

 

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