Clubes de Imigrantes em São Paulo - SP
Por Claudia Maria Guedes (Autor), Susan Gail Zieff (Autor), José Labriola C. Negreiros (Autor).
Parte de Atlas do Esporte no Brasil . páginas 195 - 197
Resumo
A cidade de São Paulo chega aos seus 450 anos, em 2004, celebrando a originalidade de sua população formada pelas inúmeras raças, credos, nacionalidades e hábitos culturais. Essa diversidade deu a São Paulo a riqueza que extrapola as portas de sua indústria e comércio para os registros históricos vivos nas ruas, museus, praças, edifícios, parques e clubes. Além das medidas governamentais do Brasil que incentivaram a imigração, como por exemplo, a Constituição de 1824 que assegurava a liberdade de credo religioso, a lei de 1831 que dificulta o tráfico negreiro e finalmente a de 1850 – lei Eusébio de Queirós que proíbe o tráfico de escravos, há ainda o forte atrativo da localização geográfica e física da cidade em questão. São Paulo poderia ser comparada à Mesopotâmia, região assim denominada por estar “entre rios” e habitada por diversos povos de línguas e culturas diferentes. A terra fértil significava ao mesmo tempo a geografia privilegiada para o escoamento das riquezas ali e no interior produzidas. O primeiro grande movimento imigratório europeu deu-se em 1850, com a aprovação da lei Eusébio de Queiroz – que efetivou o fim do tráfico negreiro para o Brasil e coincidia com a grave crise econômica na Europa. A proibição do mercado de negros trouxe importantes transformações para um país organizado em todas as esferas a partir da exploração do trabalho escravo compulsório. Isto apontava o caminho inevitável do fim da escravidão no Brasil e por discriminação racial, efetivou a substituição da mão de obra pelos imigrantes europeus. As atividades econômicas fundamentais dependiam do suprimento dessa mão-de-obra, inclusive a mais rendosa dessas atividades: a cafeicultura. Neste processo, o papel exercido pelos imigrantes europeus foi decisivo. Ao mesmo tempo em que as elites agrárias brasileiras necessitavam de mão-de-obra imigrante, foi o momento de uma série de tensões em território europeu, essencialmente por três razões: o avanço da ordem industrial, que gerava transformações no campo e na cidade; os processos de unificação da Alemanha e da Itália, ambos concretizados em 1870; e finalmente pela fome e miséria provocadas pela grande seca e as revoluções que marcaram o final de 1850 . Enfim, havia excessos populacionais em vários Estados europeus ao mesmo tempo em que várias regiões do Brasil careciam dessa força de trabalho, em especial, no poderoso setor cafeeiro.