Resumo

O Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Organização das Nações Unidas (ONU) são instituições que tiveram suas gêneses influenciadas pelo discurso de promoção da paz em um mundo que vinha sendo atravessado por guerras. Essas duas organizações, no século XXI, têm desenvolvido agendas políticas com propostas convergentes, apresentando narrativas sobre paz, desenvolvimento e outras questões sociais emergentes. Pode-se citar como exemplo dessa convergência de agendas os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) e Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) articulados pela ONU, e as Agendas Olímpicas 2020 e 2020+5, desenvolvidas pelo COI. Observando essas semelhanças discursivas históricas e recentes, inclusive no que tange à utilização do esporte como ferramenta para paz e desenvolvimento, é evidente que COI e ONU compartilham certas narrativas. Todavia, há uma lacuna na literatura em língua portuguesa no que diz respeito à análise da relação entre estas duas instituições. Portanto, este estudo teve como objetivo articular, através de dados de literatura nacional e internacional, reflexões e análises sobre a relação histórica entre COI e ONU, em perspectiva crítica. Analisando a origem de ambas as instituições, foi possível perceber que, desde os seus nascimentos, houve influência etnocêntrica e hegemonia de poder do Norte Global. O COI foi forjado por europeus, assim como a filosofia do Olimpismo. No que diz respeito à ONU, essa instituição teve os Estados Unidos como principal nação atuante na sua formulação, e estabeleceu sua perspectiva de paz e desenvolvimento a partir de ideais do Norte Global. Na segunda metade do século XX, o discurso do Esporte para o Desenvolvimento e a Paz se tornou uma ferramenta conveniente para ambas as instituições, o que acabou por, aos poucos, aproximá-las. No século XXI, a relação entre as duas organizações tem se mostrado mais concreta, com o COI ganhando considerável prestígio dentro da ONU.

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