Resumo

Este artigo analisa aspectos socioculturais de uma relação aparentemente simbiótica entre raça, racismo e esporte moderno, concebendo a história da instrumentalização colonial e neocolonial das práticas esportivas como o “laboratório original dessa fusão”. A partir de meados do século XVIII, as empresas colonialistas europeias e estadunidenses utilizaram as práticas desportivas não só para hegemonizar as suas identidades culturais, mas para garantir o controle sobre a população, assumindo pedagogias “domesticadoras” e/ou “modernizadoras” do gestuário autóctone como valores desportivos. Esse processo legou à nossa sociedade um sistema esportivo profundamente tolerante com a opressão racial, aberto a novos experimentos raciais e fortemente resistente a políticas de reconhecimento. A luta anticolonial, por sua vez, sugere que as experiências contra-hegemônicas de assimilação do esporte são mais sensíveis às demandas emancipatórias. Experiências que podem nortear os debates atuais sobre as concepções e função social do esporte em países historicamente afetados pela política colonial e neocolonial. 

Acessar