Como Abordam Treinadores de Desportos Individuais a Interação Entre Planeamento de Longo e Curto Prazos? Estudo com Cinco Treinadores de Quatro Desportos Distintos.
Por José Afonso (Autor), Isabel Mesquita (Autor).
Resumo
Um vasto corpo de pesquisa vem-se focando no planeamento de diferentes estruturas ou escalas temporais, de ciclos anuais até unidades de treino. A literatura é omissa, porém, no escrutínio de como os treinadores aplicam estes conceitos em contextos de treino. Como tal, o nosso propósito consis-tiu em examinar como treinadores de desportos individuais geriram a dinâ-mica entre o planeamento de curto e longo prazos. Cinco treinadores de alto nível (i.e., envolvidos em competições internacionais em representação de clubes e/ou seleções nacionais) de quatro desportos diferentes (canoagem, ginástica, corrida de meio fundo e natação) foram entrevistados usando um guião semiestruturado. Os dados foram examinados usando análise temá-tica. Os resultados providenciaram quatro grandes discernimentos: (a) em relação à ordem temporal, o planeamento de longo prazo foi vago, atuando como força diretriz; (b) o planeamento de curto prazo, especialmente a se-mana de treino e a unidade de treino, foi detalhado e parcialmente indepen-dente do planeamento de longo prazo, embora variando de treinador para treinador; (c) o planeamento de longo prazo focou-se, essencialmente, nos aspetos ‘físicos’ da performance, seguidos da técnica, enquanto os aspetos táticos representaram uma nota de rodapé e os aspetos psicológicos negli-genciados; e (d) eventos imprevistos, taxas de aprendizagem imprevisíveis e diversos desconhecidos são ubíquos no processo de treino. Em jeito de conclusão, existe um fosso entre os modelos teóricos de planeamento e os constrangimentos emergentes de contextos de treino. Não obstante, a nossa amostra é limitada e não se aconselha a generalização