Como Determinar o Valor da Contração Voluntária Máxima na Dinamometria de Mão?
Por Otavio Azevedo Bertoletti (Autor), Sandra Costa Fuchs (Autor).
Em 40º Simpósio Internacional de Ciências do Esporte SIMPOCE
Resumo
Introdução: A dinamometria de preensão de mão tem sido utilizada como medida de força muscular através do teste de contração voluntária máxima (CVM). A CVM de preensão manual é um parâmetro utilizado tanto para avaliar aspectos associados à saúde e prognóstico, quanto como referência para a definição da carga absoluta para o treinamento resistido isométrico em pacientes. O manual de instruções do dinamômetro orienta o uso da média entre as tentativas. Entretanto, se a intenção é obter a contração máxima, por que não usar o maior valor entre as tentativas? Objetivo: Avaliar se há diferença entre os valores da CVM obtida pela média de três tentativas comparada com o maior valor obtido nestas tentativas. Material e Métodos: Estudo transversal com vinte indivíduos aparentemente saudáveis, de ambos os sexos, atuantes no Serviço de Fisiatria e Reabilitação de um Hospital Universitário terciário do RS, com idade entre 21 e 62 anos. Uma familiarização bilateral prévia foi realizada com o dinamômetro hidráulico de mão (handgrip) da marca JAMAR®, modelo 5030J1 (Sammons Preston, Inc., Bolingbrook, IL USA). Na sequência, os participantes foram submetidos a três tentativas bilaterais, com intervalo mínimo de 30 segundos, para determinar a CVM. Os resultados são apresentados em média das três tentativas (M3T) e no maior valor encontrado (MVE) das três tentativas, ambos em Kgf. Os participantes que realizavam menos de 150min/semana de atividade física foram considerados fisicamente inativos. A distribuição de probabilidade das variáveis analisadas foi realizada através do Teste de Shapiro-Wilk. O Teste t para amostras pareadas foi utilizado para comparar as médias da M3T-CVM e MVE-CVM com distribuição normal. Nível de significância de 5% foi adotado. Foi utilizado o pacote estatístico IBM® SPSS®, versão 23.0. Resultados: Os participantes apresentaram idade média de 41,0 ± 10,8 anos, sendo 75% mulheres e 70% fisicamente ativos. Como o objetivo do estudo não visa identificar a força máxima por sexo, os resultados apresentam os dados de homens e mulheres conjugados. Apresentavam dominância com a mão direita 17 (85%) indivíduos. O MVE-CVM foi 6,8% maior que a M3T-CVM (p<0,001) na mão esquerda e 6,3% maior na mão direita (p<0,001), conforme demonstrado na tabela 1. Os valores da CVM por tentativa encontram-se na tabela. Conclusões: Em indivíduos adultos, os valores encontrados da CVM obtidos através da MVE são significativamente maiores que os obtidos através da M3T. A diferença de mais de 6% entre os valores do MVE comparados ao M3T deve ser analisada com atenção, pois pode impactar de forma clinicamente relevante no desempenho de força em protocolos de exercício para indivíduos não saudáveis. A familiarização com o instrumento parece influenciar estes resultados.