Como Nasce Uma Atriz: Explorações em Torno do Saber-fazer das Atrizes, a Partir de Intersecções Entre Gênero, Corpo e Trabalho
Por Lúcia Regina Vieira Romano (Autor).
Resumo
Este texto busca traçar alguns percursos do trabalho da intérprete em teatro, em algumas de suas transformações históricas, tecendo relações entre os contextos internacionais diversos, a fim de encaminhar um desenho do quadro brasileiro. Serão abordados aspectos da profissão (e profissionalização) das atrizes e sua inserção no campo social, assim como dilemas estéticos que envolvem a presença e participação delas nas artes cênicas, colocando gênero, corporeidade e trabalho como categorias essenciais para a análise dos processos cênicos da intérprete. O texto constrói-se a partir de levantamentos sobre a história da atriz, priorizando a leitura de autoras que questionam as exclusões de gênero no campo das artes performativas e buscando observar criticamente a narrativa histórica, numa espécie de “história delas". A partir dessas considerações, busca-se esboçar um exame das hierarquias relativas ao sujeito mulher, existentes também na área da interpretação no teatro, bem como apontar seus reflexos nas formas de abordar teoricamente a prática da atriz, consignas que se estruturam com base em pressupostos de valor sobre os papéis sociais da mulher e da função da intérprete teatral. Veremos como esses valores dizem respeito à branquitude, ao favorecimento de classe, à hegemonia do saber-fazer de tradição européia, à cisgeneridade e ao especismo. Perguntamos: diante da revisão desses elementos, o que na profissão da atriz ainda necessita morrer, para um renascimento diverso?