Resumo

O estudo tratou do chute do futebol, tendo como objetivo comparar características biomecânicas do chute com a borda interna do pé realizado com o segmento dominante e aquele realizado com o segmento não dominante por adolescentes praticantes de futebol. As bases teóricas do estudo foram diversos trabalhos que versam sobre lateralidade, técnica esportiva, chute e biomecânica do chute. Tratou-se de um estudo de caso com abordagem quantitativa, inserido na manifestação acadêmica ludoergomotricidade da ciência da motricidade humana. O estudo contou com a participação de 22 adolescentes, 8 moças (36,7 %) e 14 rapazes (63,6 %), na faixa etária de 12 a 19 anos de idade (M = 15,23 - SD = 2,05) praticantes de futebol há pelo menos um ano em aulas de Educação Física escolar. A coleta de dados aconteceu no campo de futebol do colégio onde os adolescentes estudam. Os sujeitos foram orientados a chutar a bola com a intenção de acertar um alvo, posicionado em um anteparo sensível ao impacto disposto a 11 m de distância da bola, imprimindo a ela a maior velocidade possível, por meio da técnica do chute com a borda interna do pé, depois de uma corrida de aproximação de 2 passos em direção a bola parada. Os chutes foram gravados com uma câmera de video, posicionada atrás do anteparo. O ângulo da corrida de aproximação, o tempo de deslocamento da bola e a precisão de cada chute foram medidos. Os quadros dos chutes correspondentes ao instante do toque do pé na bola foram digitalizados. Após o registro dos dados e sua correção, realizamos o teste t pareado, o teste U de Mann- Whitney e o teste de correlação produto momento de pearson com o objetivo de comparar e correlacionar as variáveis do estudo. A comparação das posições dos pontos do corpo no momento do contato do pé de chute com a bola não mostrou diferenças entre os dados de moças e rapazes, no entanto, mostrou diferenças entre o chute executado com o lado dominante e o executado com o lado não dominante. Em relação ao tempo de deslocamento da bola, os dados apresentaram diferenças nos chutes das moças e dos rapazes e nos chutes realizados com cada lado do corpo. Os resultados apontaram para a não existência de diferenças, entre os gêneros e entre os lados executantes, na precisão dos chutes realizados. Encontramos correlações positivas entre o ângulo de aproximação e vários pontos corporais e o ângulo de inclinação corporal no instante do contato com a bola no chute executado com o lado não dominante. Variáveis de posição corporal, no chute executado com o lado dominante, apresentaram correlação negativa com o tempo de deslocamento da bola e correlações positivas com a precisão horizontal. Em relação ao lado não dominante, variáveis de posições corporais verticais apresentaram correlação com a idade dos sujeitos e com a precisão do chute. De acordo com os dados encontrados, concluímos existir, no grupo estudado, diferenças nas características biomecânicas do chute com a borda interna do pé realizado com o segmento dominante e aquele realizado com o segmento não dominante. Estas diferenças foram desveladas quando comparamos as posições dos pontos de referência do corpo no instante do contato do pé com a bola, os ângulos das corridas de aproximação, e suas correlações entre si e com as variáveis de resultados nos chutes realizados com os lados opostos. Além disso, confirmamos a não existência de diferenças na biomecânica de execução do chute com a borda interna entre rapazes e moças.

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