Integra

introdução:

as alterações anátomo-fisiológicas que o ser humano sofre podem ser decorrentes tanto do treinamento físico como do processo normal de envelhecimento ou de ambos. tais alterações podem ter implicações na força muscular, mobilidade articular, aspectos sensoriais que podem ter influências na capacidade de controle motor e do equilíbrio, podendo interferir nas características da marcha. face o exposto e considerando a possível existência de diferenças nas características da marcha entre adultos e idosos, justifica-se a realização deste estudo com objetivo de analisar e comparar as características de variáveis espaços-temporais da marcha de dois grupos: indivíduos adultos praticantes de caminhada e idosos, quais sejam: comprimento de passo (cps), cadência (cad), tempo do passo (tps), tempo de duplo apoio (tda) e tempo de apoio simples (tas).

metodologia:

participaram voluntariamente do estudo descritivo, de caráter exploratório 50 sujeitos de ambos os sexos, divididos em dois grupos: 15 idosos com média de idade de 63,33(±25,3) anos e 35 adultos praticantes de caminhada com média de idade de 24,14 (±4,5) anos. os dados foram coletados no laboratório de biomecânica do centro de educação física, fisioterapia e desportos da udesc, utilizando-se como instrumento de coleta uma esteira ergométrica, kistler - 9810sl com duas plataformas de força de cristais piezoelétricos acopladas à sua base, que permitem verificar a força vertical de reação do solo. para a aquisição dos dados adotou-se os seguintes procedimentos:

a) a pesagem dos sujeitos sobre a esteira para posterior normalização dos dados em função do peso corporal, b) período de adaptação ao equipamento e c) aquisição dos dados da marcha na velocidade de 4 km/h, com freqüência de amostragem de 600 hz e tempo de aquisição de 12s. os dados foram processados, utilizando-se o software,gaitway for windows® versão 1.08 em seguida exportados para um banco de dados específico e tratados com estatística descritiva e inferencial (teste "t" de, student e correlação de pearson) considerando p £ 0,05.

resultados:

na comparação entre grupos, houve diferença significativa em todas as variáveis espaço-temporais analisadas. constatou-se na variável comprimento do passo que os adultos (62cm) apresentaram uma diferença a mais de 10cm em relação aos idosos com valor médio (52cm). na variável cadência, observou-se que o adulto possui menor número de passos por minuto (106passos/min) do que o idoso (116passos/min), considerando que o idoso pelo fato de apresentar menor amplitude de passo utiliza o aumento da cadência como compensação. no praticante de caminhada, a amplitude de passo maior determina aumento do tempo de apoio simples e maior tempo de passo. na variável tempo de passo foi menor no idoso (0,51s), no adulto (0,55s), ao mesmo tempo em que a variável tempo de apoio simples no idoso(0,38s) foi menor que no adulto(0,41s). na variável tempo de duplo apoio, os idosos apresentaram menor tempo de duplo apoio (0,25s) em relação aos adultos (0,28s). enfim, os resultados sugerem que os idosos podem apresentar deficiências relacionadas ao controle motor, uma vez que o aumento da cadência, diminuição do comprimento do passo e do tempo de apoio simples indica estratégias para manter o maior tempo de contato com o solo e, portanto a busca de estabilidade durante a marcha e o praticante de caminhada apresenta uma marcha mais estável e mais coordenada devido a maior amplitude de movimento que adquirida com o treinamento físico.

conclusões:

analisando os dados, concluiu-se que: a) há diferenças das variáveis espaço-temporais da marcha entre os dois grupos; b) o adulto praticante de caminhada apresenta o maior comprimento de passo, maior tempo de passo, maior tempo de duplo apoio e maior tempo de apoio simples, tais características possivelmente podem ser atribuídas à juventude e a prática de exercício; e o idoso, maior cadência, menor tempo de passo e menor tempo de apoio simples e de duplo apoio sendo essas características atribuídas como conseqüências do processo de envelhecimento e ao próprio sedentarismo. c) o teste em esteira instrtumentalizada, com velocidade constante, provoca compensações da marcha, quer seja na amplitude de movimento do praticante de caminhada como no aumento da cadência nos idosos.