Resumo

Um dos maiores desafios dos preparadores físicos de futebol é o monitoramento e gerenciamento das cargas de treinamento tanto dos atletas titulares quanto dos não titulares, para que sejam fornecidos estímulos de treino adequados para cada grupo, objetivando adaptações fisiológicas positivas e melhorias no desempenho para todo o elenco ao longo da temporada.

Objetivo: O objetivo do presente estudo foi comparar a carga de treinamento de titulares e não titulares num clube de elite do futebol brasileiro.

Métodos: Vinte e oito atletas participaram deste estudo observacional, e foram acompanhados de janeiro a setembro de 2022. Três grupos foram considerados para a realização das análises: os titulares (G1), os reservas (G2) e os atletas não relacionados para as partidas (G3). Os atletas utilizaram o sistema de monitoramento baseado em GPS (Catapult S5, Melbourne, Australia), e as medidas de distância total percorrida (DTP) e distância percorrida em alta intensidade (DAI), acima de 18 km/h, obtidas nos treinos foram utilizadas. As diferenças nas variáveis analisadas foram verificadas utilizando o teste de Kruskal-Wallis.

Resultados: Foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos para DTP [X2(2) = 56,545; p < 0,05] e para DAI [X2(2) = 10,060; p = 0,007]. As comparações em pares mostraram que, para DTP, o G1 foi menor do que o G2 (p < 0,05) e que o G3 (p < 0,05), e que não houve diferença entre o G2 e o G3 (p = 0,242). Para a DAI, o G1 foi inferior ao G2 (p = 0,007), mas não houve diferença entre o G1 e o G3 (p = 0,07) ou entre o G2 e o G3 (p = 1,0).

Conclusões: Este estudo mostrou que a carga de treinamento para os titulares é inferior em relação aos não titulares. Isso mostra que possivelmente os treinadores levam em consideração a carga no jogo para ajustar a carga nos treinos. Esta prática pode ser importante para que os atletas titulares, os reservas e os não relacionados estejam no mesmo nível de desempenho físico ao longo da temporada.