Resumo

INTRODUÇÃO: A destreza manual pode ser definida como a habilidade e a facilidade na utilização das mãos, como escrever, dedilhar um instrumento musical, lançar e apanhar. A lateralidade pode ser conceituada como a preferência de utilização por um dos membros em detrimento ao outro e se confirma, por exemplo, em indivíduos destros e canhotos, influenciando nos distintos desempenhos das mãos.
OBJETIVO: Comparar a destreza manual em destros e canhotos através da tarefa de colocar e retirar pinos no Grooved Pegboard Test. 
MÉTODOS: A amostra foi composta por 20 voluntários saudáveis, de ambos os sexos, com idade entre 18 e 40 anos, dividida em dois grupos, sendo:  5 homens e 5 mulheres de população destra e 5 homens e 5 mulheres de população canhota. Referente ao índice de dominância lateral, os indivíduos destros apresentaram índice médio de 97% e os indivíduos canhotos de 91% no Inventário de Dominância Lateral de Edimburgo.
RESULTADOS: Na condição de colocar os pinos foram observadas diferenças entre as mãos dos destros [t(df=9)=-7,16; p=0,01] e dos canhotos [t(df=9)=4,80; p=0,01], o uso da mão preferida apresentou melhor desempenho relacionado ao uso da mão não preferida. Já para a condição de retirar os pinos não foram observadas diferenças entre as mãos direita e esquerda para os destros [t(df=9)=-1,96; p=0,08] e nem para os canhotos [t(df=9)=1,27; p=0,23]. Em relação ao índice de assimetria não foram observadas diferenças entre os grupos, apesar de parecer que as assimetrias se destacam em tarefas nas quais a demanda cognitiva é maior do que a demanda energética.
CONCLUSÃO: O desempenho nas tarefas de destreza manual foi diferente para a mão preferida tanto para destros quanto para canhotos, sendo que a mão preferida apresentou melhor desempenho quando comparada à mão não preferida.

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